A arte sempre esteve presente na vida da estudante de agronomia Ana Clara Anghinoni, de 22 anos, mas foi durante a pandemia da covid-19, em 2020, que ela se encantou pela tapeçaria feita com técnica de tufagem, conhecida como tufting. No ano passado, Ana Clara decidiu investir nos equipamentos necessários para fazer as primeiras peças e, hoje, os tapetes já representam parte da renda da jovem.
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Além do trabalho com tapeçaria, Ana Clara está no último semestre de agronomia e faz estágio como paisagista, experiência que, além de proporcionar conexão com a natureza, também gera inspiração para as cores e formas dos tapetes criados por ela.
A técnica de tufagem é feita manualmente com uma pistola, a tufting fun, e tem atraído cada vez mais atenção de jovens nas redes sociais. As peças, que são produzidas em formatos, texturas e cores diferentes do usual, podem se transformar em tapetes, quadros, acessórios e outras decorações.
“É uma técnica que se parece com a agulha mágica, que já fazia esses tapetes, só que é bem manual, ponto por ponto, fazia na minha infância. Mas, essa máquina faz um pouco mais rápido, é uma pistola de tapeçaria mesmo, você passa a lã por ela e ela faz os pontos. Tem duas técnicas que fazem texturas diferentes: ela corta a lã ou ela empurra, como a agulha mágica, faço as duas”.
Ana Clara conta que produzir os tapetes representa uma “parte boa do dia”, apesar de ter se tornado um trabalho, graças a demanda de encomendas, a tapeçaria possibilita que ela explore a própria criatividade, algo que lhe remete à infância.
“É um momento relaxante, mesmo sendo um trabalho, é uma coisa boa de fazer, porque estou no meu momento e na minha zona. Vou fazendo a peça e ver ela se formando também é muito legal, às vezes acontece um erro e conseguir reparar isso também é muito gratificante”.
Todo o processo de confecção da peça é feito artesanalmente pela jovem, que desenha e finaliza cada projeto. Em alguns dos tapetes criados recentemente, Ana Clara buscou inspiração na natureza.
“Fiz um tapete do meu gato, mas gosto muito da natureza, até por isso escolhi cursar agronomia, gosto muito de lidar com plantas. Gosto de misturar formas com cores, mas tenho um de cachorro para fazer, então sou aberta a outras formas, apesar dos desenhos orgânicos serem os meus preferidos”.
O prazo de confecção depende do tamanho da peça. O “Campo”, por exemplo, de 1,70m x 95m foi feito em oito dias. O preço também depende do projeto de cada tapete, por isso, os orçamentos são feitos individualmente por Ana Clara.
“É um processo porque tem a espera da cola secar, ela demora 24 horas e eu passo duas demãos, então vão dois dias, o mais demorado foram oito dias. É um processo bem artesanal, desde a passagem da pistola no tecido, escolha do tecido, escolha da lã, que tem uma específica”.
Um dos sonhos de Ana Clara é ter o próprio ateliê, já que hoje faz os tapetes em casa nos períodos em que não está estudando ou trabalhando. A jovem se surpreendeu com a demanda pela tapeçaria de tufagem em Cuiabá, já que apesar de conhecer artistas de outros estados, a técnica ainda parece ser pouco explorada na cidade.
“No Brasil tem alguns artistas que me inspiraram como a Maísa Flora de Minas Gerais, o Alex Rocca, que já fez parceria até com a Vogue, coisas bem grandes. Aqui em Cuiabá nunca tinha visto ninguém, então tenho visto que o pessoal tem gostado. Estou confiante que vai dar certo”.
Ela também sonha em expor as peças que cria e explica que a tapeçaria de tufagem deve ser vista como arte. “Expor, para que as pessoas possam ver como arte também, porque não se trata só de um tapete, é muito artesanal, as cores e as formas são pensadas, eles podem ficar na parede ou em mesas também. Quero ser reconhecida de uma forma grande, é meu sonho trabalhar com isso”.