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Terça-feira, 14 de maio de 2024

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Pacientes com obesidade representam 5,76% das mortes por Covid-19 em MT; sem comorbidades, 28,06%

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Pacientes com obesidade representam 5,76% das mortes por Covid-19 em MT; sem comorbidades, 28,06%
Cento e sessenta e oito pessoas em Mato Grosso morreram em decorrência do novo coronavírus até a manhã desta sexta-feira (4) e tinham como comorbidade, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a obesidade. O número corresponde a 5,76% de todas as mortes contabilizadas até quinta-feira (3), 2.914. Também até esta data, 28,06% das mortes foram de pessoas que não apresentavam nenhuma comorbidade.


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As comorbidades são duas ou mais doenças relacionadas ao mesmo paciente e ao mesmo tempo. Desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), diversos estudos tentam descobrir e determinar quais seriam as doenças e condições pré-existentes que colocariam a pessoa no chamado ‘grupo de risco’ do vírus. Recentemente, um estudo realizado por brasileiros e publicado a revista científica “Obesity Research & Clinical Practice” mostrou que a obesidade seria um fator de risco mesmo sem estar associada a outros fatores ou à idade.
 

Esta ideia, no entanto, é refutada por outros cientistas, e classificada, inclusive, como gordofóbica. “Anunciar que toda pessoa gorda é grupo de risco para o covid-19 é o mesmo que dizer que toda pessoa gorda é doente. Isso é gordofobia porque pessoas magras também ficam doentes e podem pegar o covid-19. É gordofobia porque você generaliza todas as pessoas gordas em um grupo só, e sabemos que generalizar grupos é equivocado. Da mesma forma que existem pessoas magras que contraem o vírus, pessoas gordas também podem contrair... E assim como pessoas magras morrem, gordas também podem morrer... Como tenho visto pessoas gordas se recuperarem e magras morrerem e vice versa”, argumenta a professora Malu Jimemes.
 
Malu é filósofa feminista, ativista gorda, que pesquisou gordofobia e ativismo gordo no doutorado em Estudos de Cultura Contemporânea na UFMT. É também fundadora do grupo de estudos ‘transdisciplinares do corpo gordo no Brasil’, idealizadora do projeto ‘Lute como uma gorda’, fundadora das redes sociais estudos do corpo gordo feminino, faz parte do coletivo feminista ‘Gordas Xômanas’ em Cuiabá e é colaboradora escritora sobre o corpo gordo no coletivo feminista Todas Fridas.
 
Segundo a doutora, estas constatações biomédicas levam pessoas gordas ao desespero e, como consequência, a uma corrida por medidas não saudáveis de emagrecimento. Somado a isso, está o despreparo das unidades de saúde para atender a estas pessoas. Em um texto publicado recentemente, ela argumenta: “Como serão os atendimentos as pessoas gordas, caso elas tenham que ficar internadas num quadro grave na pandemia. Como serão tratadas? Fico imaginando quando precisar ir ao hospital com sintomas do vírus e não houver maca, cadeira para mim. Como será que a equipe médica vai me tratar? Essas pessoas aprenderam sobre gordofobia em suas formações? O que andam lendo na mídia?”.

Até mesmo as definições de obesidade tem sido questionadas. O famoso “Índice de Massa Corporal”, calculado por meio do peso e altura, por exemplo, foi abolido do Guia Clínico Canadense. Naquele país, a obesidade será definida por exames de saúde, e não somente pelo peso.
 
Publicado neste ano, um artigo da revista Nature Medicine mostra que a gordofobia está associada a sintomas depressivos, altos índices de ansiedade, baixa autoestima, isolamento social, estresse, uso de drogas e compulsão alimentar. O texto é assinado por mais de cem instituições, incluindo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
 
Para Malu, há “naturalização e banalização das mortes quando anunciam “grupos de riscos” culpabilizando a vítima e não o Estado genocida em que vivemos”. Até quinta-feira (3), 2.914 mato-grossenses faleceram em decorrência do novo coronavírus. Destes, 71,94% tinham comorbidades, e 28,06% não tinham.

Em relação à idade, 0,55% tinham menos de cinco anos; 0,07% tinham entre 6 e 10 anos; 0,31% tinham entre 11 e 20 anos; 1,65% tinham entre 21 e 30 anos; 4,63% tinham entre 31 e 40 anos; 10,81% tinham entre 41 e 50 anos; 17,91% tinham entre 51 e 60 anos; 24,01% tinham entre 61 e 70 anos; 23,05% tinham entre 71 e 80 anos; e 17,02% tinham 80 anos ou mais.

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