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Segunda-feira, 17 de junho de 2024

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Brasileiros relatam situação no Haiti um mês depois do terremoto

Eram 16h53 do último dia 12 de janeiro em Porto Príncipe quando um tremor de magnitude 7 sacudiu o solo da capital haitiana com a força de 30 bombas atômicas como a de Hiroshima, destruindo boa parte das edificações, matando centenas de milhares de pessoas e deixando outras tantas feridas, soterradas, desabrigadas.

Eram 16h53 do último dia 12 de janeiro em Porto Príncipe quando um tremor de magnitude 7 sacudiu o solo da capital haitiana com a força de 30 bombas atômicas como a de Hiroshima, destruindo boa parte das edificações, matando centenas de milhares de pessoas e deixando outras tantas feridas, soterradas, desabrigadas.


Passado um mês da tragédia, brasileiros que vivem ou estão no Haiti relatam ao G1 a situação do país, o mais pobre das Américas, que depende hoje ainda mais da ajuda internacional. Falam de “destruição”, “necessidades”, “traumas”, mas também sobre “colaboração”, “força” e “tenacidade” de um povo já assolado por outras tragédias.

“A gente encontra pessoas com várias necessidades de todas as ordens, seja em nível físico, psicológico ou material. Isso para mim é muito forte porque infelizmente foi o encontro de uma catástrofe humana com uma catástrofe natural”, diz a psicóloga gaúcha Débora Noal, da equipe da organização internacional Médico Sem Fronteiras, que chegou ao Haiti menos de 48 horas após o terremoto.

A psicóloga, que já havia atuado no Haiti em 2008, no socorro às vítimas de furacões e tempestades tropicais que atingiram o país, afirma no entanto que, aos poucos, os haitianos tentam retomar a rotina. “O cenário já mudou bastante, estamos chegando numa fase que a gente chama de estabilização de ambiente, o que não quer dizer que ainda não seja urgente, mas uma fase mais estável em que a população tenta voltar a uma rotina, que certamente não vai a mesma que elas tinham antes do trauma.”

Para o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman, ainda é cedo para prever em quanto tempo o país retomará a rotina normal. “Seria prematuro fazer qualquer previsão sobre o futuro enquanto não houver uma avaliação precisa de todas as perdas. Há ainda muitos cadáveres sob os escombros.”

Ao mesmo tempo, ele observa o início de uma fase de reconstrução do país. “Muito mais que ajuda alimentar, o haitiano precisa de emprego e renda. A catástrofe de certa forma dá uma grande oportunidade ao Haiti de renascer e se reconstruir melhor do que estava antes, com apoio da ajuda internacional e com o duro trabalho e o suor dos haitianos, que nunca se recusaram a isso.”

Emigração

O pesquisador Sebastião Nascimento, que desembarcou esta semana em Porto Príncipe, considera difícil pensar numa recuperação física ou econômica do país no momento em que muitas pessoas “procuram durante o dia onde vão passar a noite em segurança”.

“A cidade está tendo que se reinventar completamente. Ela foi esvaziada em vários sentidos. Tanto em relação ao grande número de vítimas, mas também ao grande número de pessoas que deixaram a cidade em direção ao interior e à periferia”, diz o doutorando pela universidade de Flensburg, na Alemanha, que está no país para uma avaliação do impacto dos tremores na estrutura de educação universitária.

Para Nascimento, a prioridade no país é garantir que haja o mínimo de abastecimento para as pessoas que deixaram a capital, mais castigada pelo tremor em sua zona sul, onde, afirma, “se formaram os grandes bolsões” de pobreza.

‘Fracasso’ de organizações

Já o professor Omar Ribeiro Thomaz, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, que ficou 21 dias no Haiti antes e depois do terremoto, diz ter presenciado o “fracasso” das organizações internacionais de ajuda ao país, já afetado pela ausência do Estado.

“A ajuda internacional fracassou completamente. Foi incapaz de dar qualquer tipo de resposta à tragédia. Seja a ONU ou os americanos que colocaram o aeroporto em funcionamento. Dias depois do terremoto, andamos horas e horas pelas ruas e a presença internacional era nula”, diz o professor, que viajou ao país com uma equipe de pesquisadores.

Para Thomaz, a imagem que fica de toda a devastação provocada pelo tremor é a da colaboração mútua da população. “O que marcou a todos nós foi a capacidade dos haitianos de se organizarem, a solidariedade, ao contrário do que as pessoas insistem em querer mostrar. Se houvesse uma catástrofe dessas em Paris, haveria uma situação de violência. O que o terremoto revelou foi a tenacidade do povo.”
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