A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) vai aguardar o fim das investigações sobre os indícios de fraudes nos vestibulares para o Curso de Formação de Oficiais (CFO) para tomar providências em relação à validade dos resultados nos processos de 2009/2010 e 2010/2011. Por enquanto, a instituição sequer cogita a anulação das provas teóricas, possibilidade que chegou a ser aventada diante das evidências de ilegalidades.
De acordo com a apuração conduzida até o momento pelo comando da Academia de Polícia Militar Costa Verde (APMCV) e pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, dois alunos atualmente cursando graduação para tornarem-se oficiais teriam passado no vestibular por meio de fraudes; uma só pessoa teria resolvido as provas para ambos.
O delegado Flávio Stringueta, que conduz o inquérito civil em caráter sigiloso, informou que a investigação ainda depende de resultados de perícia grafotécnica – ainda sem prazo para serem recebidos.
Em nota, a Unemat enfatizou que, caso sejam confirmadas as fraudes, também se configura como vítima de estelionato e informou que recebeu denúncias a respeito na primeira quinzena de abril. As informações pertinentes foram logo encaminhadas às polícias civil e militar.
Uma investigação social interna da Academia de Polícia apontou incongruências entre o processo seletivo da Unemat e o desempenho dos cadetes em questão. Constatou-se que um deles estava se saindo significativamente mal nas atividades da Academia, uma discrepância com relação a seu excelente desempenho no vestibular para CFO; na passagem do primeiro para o segundo ano de formação, ele figurou nos piores lugares de classificação dos cadetes, colocação que não teve melhora significativa na passagem para o terceiro ano do curso.
A investigação também averiguou os documentos do cadete no fim de 2011 e notou que não fora ele quem realizou a prova em seu nome, pois tudo apontava que o candidato em questão estava fora do país na data do processo seletivo.
Acionada, a divisão de Inteligência da polícia chegou à informação de que um outro cadete teria fraudado a prova para ingresso no CFO.
Análises preliminares de caligrafia nos cartões de resposta do vestibular indicaram que a fraude da qual ele se beneficiara foi perpetrada pela mesma pessoa responsável pela primeira, embora não houvesse indícios de que ambos os cadetes tivessem qualquer relação.
Atualizada às 19h40