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Quinta-feira, 16 de maio de 2024

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Ascensão

Valor Econômico destaca Lúdio Cabral como "zebra" da eleição

Foto: Lucas Bólico - OD

Valor Econômico destaca Lúdio Cabral como
Reportagem sobre a disputa eleitoral em Cuiabá publicada nesta quarta-feira (3) no jornal Valor Econômico destaca o candidato petista Lúdio Cabral como a zebra da disputa. O texto assinado pelo jornalista Mauro Zanatta lembra a ascensão do vereador nas pesquisas de intenção de voto e a defesa da tese de alinhamento entre Município Estado e União.


Veja reportagem completa abaixo.

Petista vira zebra na disputa em Cuiabá

Na eleição que opõe um empresário milionário à força das máquinas eleitorais estadual e federal, um petista distante da aguerrida militância ideológica clássica desponta como principal zebra na reta final da disputa pelos quase 400 mil eleitores de Cuiabá.

Vereador em segundo mandato, o médico sanitarista Ludio Cabral (PT) virou líder nas pesquisas desde o fim de semana, deixando para trás o industrial Mauro Mendes (PSB), dono da Bimetal, uma das maiores fabricante de torres metálicas do país. Com apoio do governador Silval Barbosa (PMDB), e na oposição aos senadores Blairo Maggi (PR) e Pedro Taques (PDT), o petista partiu de magros 8% das intenções de voto no início de agosto para atingir 40% na pesquisa Gazeta Dados do início da desta semana - ultrapassando os 39% atribuídos ao adversário.

Amparado por uma base de líderes comunitários bem remunerados, que rumaram para sua campanha após intervenção direta do grupo político do governador, Ludio fez prevalecer até aqui a tese da necessidade de alinhamento político com Estado e União. Os últimos prefeitos romperam essas relações amistosas, distanciaram-se das outras esferas, naufragaram e colheram impopularidade - o atual, Chico Galindo (PTB), tem 73% de desaprovação, segundo Ibope de agosto.

Nessa toada, Ludio levou ao palanque, ou expôs na tevê, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Michel Temer e vários ministros de Dilma Rousseff - Gilberto Carvalho, Alexandre Padilha, Maria do Rosário e até o bispo licenciado Marcelo Crivella. E recheou as ruas da capital de cabos eleitorais. Estima-se o esforço de 4 mil pessoas, cuja remuneração seria de R$ 650 mensais livres.

Outro dado resume a curiosa situação do "milhão contra a máquina", como apontam analistas locais. Dono de R$ 173 mil em bens, Ludio Cabral estimou gastos de R$ 9,8 milhões na campanha. O adversário Mauro Mendes, cujo patrimônio declarado soma R$ 116 milhões, previu apenas R$ 6 milhões em despesas. Ludio tem outra explicação para sua meteórica ascensão: "A população diferencia quem estava em casa contando dinheiro e quem estava na luta quando a cidade mais sofreu e mais precisou", disse, na semana passada, a estudantes do tradicional colégio São Gonçalo.

Em queda livre em todas as pesquisas até aqui, Mendes, cuja campanha teve início espartano, teve que botar a mão no bolso e recorreu a "arrastões" na periferia dominada pelo grupo do adversário. Adotou um tom mais agressivo nos debates, invocando até o distante julgamento do mensalão, e contratou o serviço de centenas de cabos eleitorais para percorrer a cidade. Também foi para cima dos adversários na Justiça Eleitoral, pedindo cassações de registros, exigindo direitos de resposta e suspendendo programas eleitorais de rádio e tevê. "Enfrentei a máquina em 2008 e em 2010. Agora, enfrento de novo", diz Mendes, que perdeu as duas disputas, para a prefeitura e o governo estadual.

O caos na saúde da capital, que será sede da Copa de 2014 às vésperas de completar 300 anos, domina os debates. Todas as atenções estão voltadas ao colapso do setor. Sob a alegação de falta de recursos, o governo estadual suspendeu repasses a hospitais privados para garantir o plano de saúde dos servidores (MT Saúde). Debitou na folha e não pagou o serviço. E enfrenta dificuldades para manter abertos os leitos de UTI do SUS em Cuiabá. A decisão do governo de ceder a gestão de seis hospitais a organizações sociais de saúde (OSS) radicalizou a situação. E os pacientes do único pronto-socorro municipal, alvo de severas críticas, sofrem com ausência de médicos, infraestrutura precária, falta de remédios e calotes nos fornecedores.

Médico do município, Ludio Cabral propõe como solução elevar, dos atuais R$ 1,6 mil para "perto de R$ 9,2 mil" (piso nacional), a remuneração dos colegas por 20 horas semanais até 2017. "O problema é gestão. Temos que potencializar os conveniados, e não as OSSs", disse ao Valor. Dos R$ 900 milhões da receita corrente líquida da cidade, 40% bancam a saúde. A folha de pessoal leva outros 45%. "Aí, sobra pouco para investir". Cuiabá prevê arrecadar R$ 1,29 bilhão em 2012. Mendes quer construir um novo pronto-socorro. "Se tem R$ 600 milhões para o estádio da Copa, tem que ter R$ 40 milhões para um novo PS. O caos é culpa do Silval, que não fez repasses, fechou atendimentos e deixou 55 mil servidores na mão". Mendes diz que a situação deriva, ainda, da falta de saneamento, da violência no trânsito, do tráfico de drogas e da coleta de lixo ineficiente. Uma epidemia de violência, com uma dezena de homicídios e mortes violentas a cada fim de semana, e a mendicância agressiva nas ruas chocam os moradores.

Até aqui, o ápice da carreira de Ludio Cabral havia sido a conquista de 3,8 mil votos para vereador, em 2008. Desconhecido da população, destacou-se na batalha contra a privatização, iniciada em 2011, da companhia local de água e esgoto, a Sanecap. Desacreditado no início da campanha, passou a favorito depois de um racha no grupo que comanda o Estado e da sucessão de erros da campanha adversária. A feroz disputa pela vaga de vice na chapa de Mendes iniciou a sangria no outro lado. Apoiado por Maggi e pelo governador Silval, o também vereador Francisco Vuolo (PR) era o preferido da cúpula "maurista". Mas o jogo de bastidores partidário levou o deputado estadual João Malheiros (PR) a ocupar a vaga. "Fizemos um acordo, mas o partido não cumpriu", diz Vuolo. A derrota afastou as lideranças e abalou as relações. O PMDB de Silval, em retaliação, decidiu turbinar a candidatura de Ludio. "Aí, a paixão fez o resto do serviço", diz um auxiliar do governador. Vuolo deixou o PR e cerrou fileiras com Ludio Cabral.

Além disso, críticas de Maggi à sofrível gestão de Silval, seu vice até março de 2010, ampliaram as fissuras. Figura controvertida e temida nos bastidores políticos, o ex-secretário de Fazenda e da Copa 2014, Eder Moraes, jogou pesado. Com supostos dossiês, ameaças veladas e provocações a Mauro Mendes e seus aliados, ajudou a desestabilizar os adversários, que foram para o enfrentamento público. Moraes passou a polarizar o debate com Mendes, considerado "pavio curto" e com fama de arrogante. Ao largo da briga, Ludio Cabral incorporou o personagem "paz e amor" usado por Lula ainda em 2002. O "L", feito com o polegar e o indicador, e um jingle meloso na tevê remetem diretamente a campanhas famosas do ex-presidente. Do outro lado, Mendes parafraseia música e cores da campanha de Maggi.

Nesta reta final, Blairo Maggi e Silval Barbosa recuaram nos embates. O senador viajou ao exterior e o governador tem reforçado as campanhas do PMDB no interior. "Tem interesses inconciliáveis aqui", disse Maggi ao Valor. "Estamos em posições distintas aqui [Cuiabá], mas estamos juntos do outro lado da ponte", afirmou, em referência à cidade vizinha industrial Várzea Grande.

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