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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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Francesa quer dar volta ao mundo pedindo carona e começa pelo Brasil

Foto: Reprodução

Francesa quer dar volta ao mundo pedindo carona e começa pelo Brasil
Pegando carona em um veleiro com sua inseparável câmera na mão, a cinegrafista francesa Florence Renault, de 28 anos, cruzou o Atlântico e chegou ao Brasil no dia 7 de agosto, após um mês de viagem pelo mar. Desde então, ela já conheceu a Bahia (Salvador, Ilha de Itaparica e Chapada Diamantina), Brasília, Rio de Janeiro (capital e Paraty), Minas Gerais (Mariana e Ouro Preto) e Blumenau (SC), onde visitou a Oktoberfest.


O Brasil foi o primeiro país escolhido por Florence para uma viagem ao redor do mundo planejada para ser feita exclusivamente de carona. Depois daqui, em meados de outubro, a jovem pretende ir para o Uruguai e para a Argentina, onde tem uma amiga esperando por ela.

"Em junho, enviei meu vídeo de apresentação para alguns sites, pois queria chegar ao continente americano. Então recebi um e-mail do capitão Julien Dagorn, que levaria um veleiro da França até Salvador. Ele me convidou para acompanhá-lo e, em troca, eu teria que ajudar no dia a dia do barco, cozinhar, limpar, vigiar a embarcação e o tempo", conta.

Florence teve uma boa impressão sobre a proposta e ligou para o capitão no dia seguinte. Em 2 de julho, ela então deixou sua cidade-natal, Orléans – 120 km ao sul de Paris –, e o emprego em uma emissora de TV.

"Fiquei muito feliz em começar minha viagem pelo Brasil, porque sabia que o tempo estaria bom, em relação ao da costa norte-americana. E todos os meus amigos que já conheciam o país haviam dito que é um lugar incrível e perfeito para iniciar uma turnê pelo mundo", revela Florence, que, assim como o povo brasileiro, gosta muito de cantar e dançar.

Primeira parada: Ilhas Canárias
O primeiro e único lugar onde o veleiro parou, depois de nove dias de viagem, foi nas Ilhas Canárias, território espanhol no Atlântico, perto da África. Florence, o capitão Julien e um colega dele, Mol Usk, que também fazia parte da tripulação, ficaram dois dias no local.

Em seguida, eles partiram para outros 21 dias ininterruptos dentro do barco. A francesa lembra que a experiência de navegar em um veleiro foi interessante, mas um pouco dura, pois era sua primeira vez em alto-mar, em uma embarcação de apenas 15 metros de comprimento, e ela ainda ficou enjoada com frequência. Para compensar, porém, o entrosamento do trio foi bom.

"A vida a bordo era um pouco monótona e incluía ler, cozinhar, comer, dormir, falar, manter a atenção sobre o barco, em um esquema de revezamento. Eu adorava ver o nascer e o pôr do sol", destaca.

Florence conta que, nesse período, também observou alguns golfinhos, peixes-voadores e baleias. A cada dois dias, o trio parava para tomar banho no Atlântico – na tentativa de economizar a pouca água potável disponível no veleiro.

Impressões sobre o Brasil
Após dois meses em solo brasileiro, a francesa já tem algumas impressões pessoais sobre o país. Na opinião dela, o Brasil não é tão moderno quanto a Europa e tem muita pobreza, o que a deixou um pouco chocada, quando um idoso com fome pediu para beber o suco de frutas que ela havia comprado, quando viu um jovem com drogas dormindo sozinho na rua e quando um garoto tentou roubar dinheiro da mão dela.

"Além disso, acho que os brasileiros estão muito preocupados com a política. Caminhoneiros, estudantes e até um professor de ioga me falaram sobre problemas políticos, governo e corrupção", aponta.

Apesar dos problemas, Florence também viu pontos positivos no país. Segundo ela, o povo é muito sorridente, falante e hospitaleiro – a jovem foi convidada por várias pessoas amigáveis para almoçar ou pernoitar na casa delas. A francesa conta, ainda, que a maioria dos brasileiros tentou ajudá-la com a língua, explicando palavras que ela não entendia. Ela cita também as cores vibrantes, a música alta e a dança espalhada por todos os lugares.

Entre as coisas que deixaram Florence surpresa, está o hábito de os brasileiros beijarem outros na bochecha e abraçá-los em seguida, ao dizer "oi". Na França, segundo ela, é comum dar dois beijos, mas não abraço. Além disso, a jovem diz que não imaginava ver tantas pessoas negras no país.

"Eu também não fazia ideia de que poderia entender a língua e achei-a mais fácil que o português de Portugal. Eu nunca havia aprendido o idioma antes, mas agora já consigo compreender muitas coisas", revela.
Caminhões lentos, motoristas agradáveis

Sobre a dificuldade de pegar carona no Brasil, Florence achou que aqui não há tantos carros quanto na Europa e que os caminhões são muito lentos. Apesar disso, ela procurou postos de gasolina e acabou conseguindo que as pessoas lhe cedessem lugar nos veículos.

A maioria dos motoristas era de homens sozinhos (caminhoneiros, empresários, fazendeiros, jovens, idosos) e havia poucas mulheres ou famílias, conta a francesa.

"Na maioria das vezes, eles não falavam inglês. Às vezes, eram pacientes e tentavam me explicar as coisas, repetiam. Um caminhoneiro me disse um dia, quando eu deixei o veículo: 'Obrigado pela diversão'", recorda.
Em relação aos riscos que podem sondar a prática de viajar de carona, Florence diz que, sempre que tem um mau pressentimento, não entra no carro.

"Acredito na humanidade e acho que as pessoas são boas, a maioria tem boas intenções e é prestativa. Não me sinto em perigo ou insegura. Conheci muitos caminhoneiros agradáveis, que me deram várias recomendações. E continuo cuidadosa: não peço carona à noite, sempre levo minha bolsa comigo (para estar pronta a saltar do veículo, se preciso) e nunca durmo no carro", enumera.
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