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Domingo, 28 de abril de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Tratamentos para vertigem usam realidade virtual e sensores

Dois novos métodos estão sendo usados no tratamento da vertigem ("labirintite"), causada por distúrbios do sistema vestibular, responsável pela orientação espacial e pelo equilíbrio corporal. Por meio de estimulação das regiões afetadas, eles reduzem ou até eliminam as tonturas, sem a necessidade do uso de remédios.


Ao menos 70% dos idosos brasileiros sofrem desse tipo de vertigem, segundo a SBO (Sociedade Brasileira de Otologia). O problema está relacionado a 50% das quedas na terceira idade, de acordo com um recente levantamento da entidade.

Uma das novas técnicas é baseada na realidade virtual. O paciente fica em pé sobre uma plataforma e usa óculos especiais, por meio dos quais são projetados cenários virtuais com situações que o predispõem a tonturas. O objetivo é que organismo seja "reeducado" a ter equilíbrio.

O outro método chama-se neurofeedback e consiste na colocação de uma placa com sensores na língua do paciente. Essa placa recebe estímulos elétricos à medida que a pessoa mexe a cabeça. A meta é criar circuitos cerebrais alternativos de neurônios que atuem sobre o equilíbrio. "Serve para autotreinamento", explica a otoneurologista Roseli Bittar, do setor de otoneurologia do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). "O sistema nervoso central refaz circuitos neuronais e desenvolve novas estratégias para promover o equilíbrio."

No começo, o paciente faz duas sessões diárias de 20 minutos. Alguns casos já melhoram em apenas cinco dias. No HC, esse tratamento é utilizado para pacientes que não tiveram sucesso com outros métodos. "Temos ótimos resultados com pacientes que sofreram traumas ou concussão cerebral."

Segundo o otorrinolaringologista Fernando Ganança, professor na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e chefe do setor de reabilitação vestibular da mesma instituição, ainda estão sendo realizados estudos científicos comparativos entre as novas técnicas e os exercícios já usados na reabilitação do sistema vestibular.

"Ainda não sabemos se os resultados são melhores, piores ou iguais. Na maioria dos casos há uma melhora significativa. Os exercícios virtuais são fáceis e rápidos de fazer. Há pacientes que, com apenas duas sessões por semana, relatam melhora dos sintomas e recuperação do equilíbrio", explica o médico.

Ganança explica que o treinamento, virtual ou não, é indicado até o paciente adquirir um bom equilíbrio. "Quando ele consegue isso, retoma as atividades do dia a dia, volta a andar, a correr, e, com isso, os sistemas já são naturalmente estimulados. Quando o paciente está acometido, ele se isola, trava. Isso acaba piorando o equilíbrio", afirma o médico.

Reabilitação

Embora seja um recurso pouco usado pelos médicos brasileiros, a reabilitação vestibular, em alguns casos, chega a ser mais eficaz do que os remédios no tratamento da labirintite crônica, segundo Ganança. "O médico, de uma forma geral, adora dar remédio. Às vezes dá dó de ver o paciente que já passou por vários otorrinos e o que fizeram foi trocar de remédio, quando, para aquela situação, o melhor seriam os exercícios."

Ele afirma que, antes de iniciar os exercícios, é preciso um diagnóstico médico para descartar outras causas de labirintite, como tumores. "Há mais de 300 causas e algumas não podem ser tratadas com exercícios. Mas uma boa parte das que afetam os idosos tem indicação de exercícios."

Os exercícios envolvem os olhos, a cabeça e o corpo, e devem ser feitos diariamente. Para Ganança, o importante é o idoso estar ciente da reabilitação e não aceitar a tontura como uma consequência da velhice. "Muitas vezes o paciente com labirintite trava, fica parado e se isola. Depois começa os exercícios retoma as atividades sociais, fica mais animado."
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