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Viajando pela Ásia, arquiteto de MT relata medo nos protestos de Hong Kong; Veja fotos e vídeos!

20 Nov 2019 - 14:00

da Redação - Isabela Mercuri e Érika Oliveira

Foto: Lucas Gomes

Viajando pela Ásia, arquiteto de MT relata medo nos protestos de Hong Kong;   Veja fotos e vídeos!
O arquiteto mato-grossense Lucas Gomes está viajando pela Ásia desde 30 de outubro, quando terminou seu pós-doutorado na Austrália. No último domingo (17), chegou a Hong Kong e, mesmo sabendo da existência de uma série de protestos na cidade, não imaginava o que ia encontrar: um cenário de completa destruição. Sua passagem de volta está marcada para a próxima sexta-feira (22), mas ele ainda não sabe se vai ficar até o final, ou se vai adiantar a vinda para o Brasil.


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“Eu sabia que havia protestos desde agosto. Eu estava na Austrália, e sempre se comentava entre amigos ou notícias de jornal. Mas não imaginava que estava assim! Quando cheguei fiquei surpreso. Porque o aeroporto estava praticamente vazio, não havia fila na imigração. Peguei o metrô, que não parou na estação do meu hotel... desci na próxima e me informaram que estava tendo protestos e por isso não pararam”, contou ao Olhar Direto.

Seu hotel fica na Nathan Round, uma das principais avenidas comerciais da cidade, e mesmo ali a situação é de calamidade. “Quando eu desci na estação, que eu olhei... o comércio todo fechado, as pessoas andando rápido, um monte de jovens no meio da rua quebrando as calçadas, os semáforos, quebrando as placas, fecharam toda a avenida. Estava meio que um estado de sítio mesmo, o negócio está feio”.



Lucas relata que até mesmo os pontos turísticos estão vazios, o que lhe dá ainda mais insegurança de percorrer a cidade. “Tem várias pessoas com máscaras, cheiro de gás de pimenta e os protestantes continuavam lá, arrancando pedras e colocando na rua”, conta. “As pessoas estão assustadas. Fui ao caixa eletrônico e vi pessoas sacando todo o dinheiro do banco... Dá uma insegurança. Não sei o que pode acontecer. Além do clima chato que esfria a viagem, você fica inseguro. Fico assustado andando na rua e com medo. Sempre ouço sirenes. [Tenho] medo de ser confundindo com manifestantes... Passa tudo na cabeça”.

Na última terça-feira (19), Lucas tentou ir até a Universidade de Hong Kong, mas o metrô não parou, e ele viu, no jornal, de que ela está bastante depredada. Neste mesmo dia, pensou em adiantar a passagem para ir embora mais cedo, mas, como ainda queria visitar alguns lugares, deixou para decidir depois. “Hoje não houve protestos. Havia muitos garis e caminhões limpando tudo... Um silêncio estranho, comércio vazio”.



Protestos

Os protestos em Hong Kong começaram em junho, inicialmente em repúdio a um projeto de lei, apresentado em abril, que permitiria que suspeitos de crimes fossem extraditados para a China continental. Após uma semana de manifestações, ele foi suspenso por tempo indeterminado. No entanto, os manifestantes continuaram, exigindo que o projeto fosse extinto – o que aconteceu em setembro.

Mesmo após a extinção, os protestos não pararam. Agora, são exigidas principalmente quatro demandas: que os protestos não sejam vistos como motins; anistia aos manifestantes presos; investigação independente sobre suposta violência policial; e sufrágio universal completo. Nestes meses, as manifestações se tornaram cada vez mais violentas, tanto do lado dos policiais quanto dos protestantes.

Houve, por exemplo, invasão do Parlamento, protesto no aeroporto, manifestante baleado por policial, proibição do uso de máscaras, esfaqueamento de um deputado pró-Pequim, policial que atirou em manifestantes à queima roupa, dentre outras ocorrências.

História

A cidade de Hong Kong foi cedida ao Reino Unido em 1842, depois da primeira Guerra do Ópio. Em 1997, o território foi devolvido, e passou a ser uma ‘região administrativa especial’ da China. No entanto, o acordo de devolução previa um modelo conhecido como ‘um país, dois sistemas’ durante 50 anos.

Desta forma, Hong Kong tornou-se, judicialmente e em relação às leis, independente da China continental. A autonomia está prevista para acabar em 2047. “Só que agora o governo Chinês está muito forte, então ele está pressionando, não quer mais esperar pelos demais 28 anos, ele está já exercendo pressão para ele retomar o território de Hong Kong para ele”, explica Lucas. “Hong Kong está numa posição estratégica, tem porto, um monte de coisa. E essa população jovem daqui nasceu sobre o domínio inglês... eles se consideram um território independente e não querem fazer parte da China, porque segundo eles, vão ter os direitos ceifados”, completa o mato-grossense.
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