O dólar registrava hoje frente ao euro seu câmbio mais baixo este ano, depois que as Nações Unidas pediram que se repense seu papel de moeda reserva.

O euro chegou a ser negociado nesta terça-feira a US$ 1,4535, mas, no fechamento da Bolsa de Nova York, o câmbio era de US$ 1,4499, comparado ao US$ 1,4304 da sexta-feira passada e ao US$ 1,3969 do final de 2008.

Os analistas relacionavam mais um dia a desvalorização da moeda americana com um maior ânimo investidor em ativos de risco, coincidindo com um dia positivo em Wall Street e nos principais mercados asiáticos e europeus.

Além disso, destacavam que a desvalorização destaterça-feira ocorreu depois que a ONU propôs repensar o papel dominante do dólar como a principal moeda de reserva e de pagamentos no mundo todo, algo que China, Rússia e outros países já sugeriram no passado, coincidindo com a explosão da crise financeira nos Estados Unidos.

O economista da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) Heiner Flassbeck defendeu nesta terça-feira, em entrevista coletiva na sede nova-iorquina das Nações Unidas, as conclusões do relatório que esse organismo divulgou na segunda-feira, no qual defende um sistema de taxas de câmbio conveniente entre todos os países.

"Nossa solução é muito simples, e é que todos os países tenham as mesmas obrigações", afirmou o economista, que criticou que uma intangível "confiança do mercado" seja o instrumento que dite o valor das divisas nacionais.

Flassbeck disse que a volatilidade dos mercados de divisas são uma das "grandes distorções" sofridas pelo comércio internacional, já que obriga cada país a competir mediante desvalorizações e outras atuações.

As variações do dólar perante o euro e outras divisas foram muito ligadas nos últimos meses ao maior ou menor otimismo reinante em Wall Street e em outras bolsas a respeito da recuperação econômica nos Estados Unidos e no resto do mundo.