Conforme investigação da primeira fase, o grupo empresarial promovia supostas “quarteirizações” de contratos administrativos, que viriam a beneficiar, em última instância, o servidor responsável pelas contratações com a Secretaria Municipal de Saúde e Empresa Cuiabana de Saúde Pública, incluindo o pagamento de suas despesas pessoais.
O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então servidor público e o proprietário do grupo empresarial investigado.
O um grupo empresarial que fornecia serviços à Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões e manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde.
Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.
A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando a dissimulação dos eventuais beneficiários.
Olhar Direto apurou ainda que, além de Célio, outras duas pessoas também são alvos de prisão, sendo uma delas em Cuiabá e outra em Curitiba (PR). Em Curitiba, foi preso o empresário Paulo Roberto de Souza Jamur, que seria sócio de Célio. O outro alvo de Cuiabá segue foragido e ainda não teve a identidade revelada.
A primeira fase da operação Curare ocorreu com apoio do Denasus (Ministério da Saúde) e visa desarticular uma organização criminosa investigada pelo envolvimento em fraudes a contratações emergenciais e recebimento de recursos públicos a título “indenizatório”, em ambos os casos sem licitação.
O nome da operação policial, curare, remete a substâncias tóxicas que produzem asfixia pela ação paralisante do sistema respiratório, cuja origem é associada ao conhecimento tradicional indígena. Na medicina, fármacos curarizantes são empregados em unidades de terapia intensiva, auxiliando o procedimento de intubação.
A Prefeitura de Cuiabá emitiu nota de esclarecimento sobre o caso. Veja abaixo:
NOTA À IMPRENSA
Em relação à operação Cupincha, deflagrada nesta quinta-feira (28) pela Polícia Federal, a Prefeitura de Cuiabá informa que nenhum mandado de busca e apreensão foi cumprido em prédio do Município. Destaca ainda que está a disposição das autoridades para colaborar com as investigações.