Nascido em Poxoréu, interior de Mato Grosso,
no ano de 1996, Michael Richard Delgado de Oliveira, de 25 anos, está no auge de sua trajetória no futebol profissional, atuando em sua segunda temporada pelo Flamengo. Antes disso, porém, a carreira do ponta foi tortuosa, repleta de demissões, descrenças de terceiros, talento de sobra e muita fé.
Leia mais:
Jorginho afirma que gols anulados do Cuiabá foram legítimos e critica VAR: “Hoje, tiraram a nossa permanência”
Tentando a sorte em times da segunda divisão, o atacante foi mandado embora quatro vezes do Goiânia, uma do Vila e uma do Aparecida. Em 2015, conseguiu jogar no Monte Cristo, porém passou por seis partidas sem nenhum gol ou assistência. Até que desistiu e voltou para o ‘terrão’ e na ‘várzea’.
Em 2016, o atacante recebeu oportunidade de um jogador do Goiás. “Oportunidade é o que eu mais quero, só falta alguém acreditar em mim e me ajudar”, disse Michael em entrevista ao Globo Esporte em 2017. Antes de ir para o Goiás, o ponta passou pelo Goianésia sem salário. Michael revelou ao Globo Esporte que, à época, rezou muito para conseguir uma chance. “Não recebia um real, mas tive a fé em Deus que ia receber”.
Destaque pelo Goianésia no ano de 2017, Michael foi observado por Amado Batista, torcedor do Goiás, enquanto jogava um ‘terrão’ em uma das fazendas do cantor sertanejo. No mesmo ano foi apresentado ao Goiás.
A ESPN revelou que as atuações do jogador nas fazendas de Amado Batista foram o impulso que o levaram até o Goiás. “‘Tem um jogador no Goianésia muito interessante. Ele não tem estatura, mas é muito arisco e de vez em quando vai na minha fazenda jogar bola com a gente. É um menino que precisa de uma oportunidade’", disse Harlei Menezes, ex-diretor de futebol e atual vice-presidente do Goiás ao ESPN à época.
A carreira de Michael, então, deu uma escalada impressionante quando ele chegou no Goiás, entre 2017 e 2018, atuando pela segunda divisão do campeonato brasileiro. No ano seguinte, em 2019, o time alavancou para a primeira divisão da elite do futebol nacional e mais uma vez o mato-grossense se destacou. Na sua passagem pelo Esmeraldina, participou de 75 jogos, marcando 8 gols e 9 assistências.
Maior driblador da Série B em 2018, o atacante repetiu a dose na primeira divisão. Foram 74 dribles certos em 99 tentados. O camisa 11 terminou o Brasileirão como artilheiro do Goiás, com nove gols, e o sexto maior finalizador do campeonato, com 36 arremates certos.
A campanha ofensiva, eficaz e efetiva do ponta o colocou no radar de gigantes do futebol brasileiro, como Corinthians e Palmeiras. Os paulistas, porém, não conseguiram entrar em acordo com o Goiás.
Então, desembolsando R$ 35 milhões de seus cofres, o Flamengo saiu na dianteira da disputa por Michael e levou o jogador em 2020, sob responsabilidade de arcar com 80% de seus valores econômicos.
Sua primeira temporada no Urubu foi tímida. Ele jogou 43 vezes e anotou 4 gols e 4 assistências. Porém, a escalada aconteceu na atual temporada, em que o atacante deslanchou e marcou 18 gols, 10 assistências em 59 aparições.
No dia 14 de novembro deste ano, Michael brilhou em atuação impecável diante do São Paulo, no Morumbi, marcando dois gols. O resultado do jogo o colocou pela primeira vez como artilheiro do campeonato brasileiro.
A trajetória do atacante é motivo de orgulho para todo Brasil, principalmente para os mato-grossenses que neste ano tiveram a oportunidade de ver Michael sendo artilheiro do Brasileirão, além de assistir Rafael Tolói, natural de Glória D’Oeste, ser campeão europeu pela seleção italiana e, por fim, mas não menos importante, torcer pelo acesso e permanência do Cuiabá na Série A.
