A Aprosoja Mato Grosso, presidida pelo produtor rural Fernando Cadore, rebateu as declarações do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), que apontou a entidade como símbolo de apoio aos atos antidemocráticos de extremistas bolsonaristas. Por meio de nota, a associação negou que tenha atuação partidária e ressaltou que grande parte do agronegócio não apoia o senador licenciado.

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A nota da Aprosoja é reação a entrevista de Fávaro à revista Veja, publicada nas famosas páginas amarelas. Na ocasião, o ministro afirmou ser claro o radicalismo de dirigentes da associação, o que cria uma situação constrangedora. “A Aprosoja foi um símbolo, inclusive de apoio aos atos antidemocráticos, o que é descabido e deve ser reprimido. Eu fui presidente da entidade em meu estado. É a maior entidade de produtores do Brasil. Mas não posso fechar os olhos. Membros da Aprosoja participaram, sim, de atos antidemocráticos. Um delegado da entidade foi preso ateando fogo em caminhão, em uma praça de pedágio. Não estou trabalhando com hipóteses, são fatos reais. É realmente lamentável”.

Na nota, a associação afirma que a postura de Fávaro não é a esperada para quem ocupar cargo de tamanha importância. Completa ressaltando que não há provas da participação da Aprosoja em atos antidemocráticos.
 
"A Aprosoja-MT se manifesta publicamente sobre os assuntos de interesse dos seus associados, e aqueles que a acompanham sabem que a sua defesa sempre foi pela liberdade de expressão, defesa do direito de propriedade, liberdade econômica e respeito à Constituição Federal. Não há, nem nunca houve por parte de sua diretoria suporte ou incentivo à depredação de patrimônio público ou privado", declarou, citando o ataque terrorista aos prédios dos Três Poderes, em Brasília (DF), no dia 8 de janeiro.
 
"A Aprosoja-MT é uma entidade política, porém apartidária em decorrência do seu estatuto. Em virtude desta previsão normativa interna não apoiou qualquer candidato a cargo eletivo nas eleições passadas", completou.

Tal atuação partidária, no entanto, foi duramente questionada durante os quatro anos de mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sede da Aprosoja-MT chegou a ser alvo de mandados de busca e apreensão, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante investigações sobre possível financiamento de atos antidemocráticos, como o ocorrido no 7 de Setembro de 2021.

Na época, o presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, chegou a ser proíbido de chegar próximo à praça dos Três Poderes, durante os atos de apoio a Bolsonaro. Invasão de prédios públicos e intervenção militar já eram algumas das pautas defendidas pelos bolsonaristas.

Resistência

Ainda na nota, a Aprosoja-MT relembra a rejeição de parte dos produtores rurais ao nome de Fávaro no comando do MAPA. Cadore afirma que o ministro não é unanimidade desde a sua candidatura ao Senado e que ele só venceu a eleição suplementar de 2020 por conta do poderio econômico.
 
"Este descolamento do parlamentar da sua base se deve especialmente à forma como ele desembarca de suas parcerias políticas, foi assim na gestão Pedro Taques e se repetiu agora com a gestão estadual do governador Mauro Mendes", declarou, relembrando o rompimento com o ex-governador e o atual chefe do Paiaguás.
 
Por fim, a entidade garantiu que seu foco tem sido dado ao desenvolvimento de pesquisas para o adequado manejo de pragas, redução do uso de insumos químicos e aumento de produtividade. Já são três campos de pesquisas mantidos pela Aprosoja-MT, um único deles, a exemplo, é responsável por uma vitrine de materiais que já superou 115 variedades testadas no último ano.
 
"Chegou a hora do Ministro Carlos Fávaro parar de olhar no retrovisor e olhar para frente, tentar recuperar as atribuições que o ministério perdeu e realmente se preocupar com políticas agropecuárias que tragam benefícios para os produtores", finaliza a Aprosoja-MT.