Embora defenda “tolerância zero” dos democratas em relação às denúncias de corrupção contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, que aparece em vídeo recebendo suposta propina paga por empresas fornecedoras do governo estadual, o senador Jaime Campos desconversa quando o assunto é regionalizado. “Isso [suspeita de corrupção] não é novidade do DEM. Não dá para confundir tudo no mesmo balaio de gato. Em toda entidade e partido tem gente boa e gente ruim”, disse ao ser questionado sobre o posicionamento da legenda em relação às denúncias contra a deputada estadual Chica Nunes. 

Na visão do senador, Arruda deve esclarecer publicamente os fatos não só para o partido mas para a opinião pública. "O fato é muito grave, o partido não pode se insentar", alegou. Porém, quando indagado se a postura de indiferença do diretório regional diante da denúncia formal do Ministério Público contra Chica Nunes por formação de quadrilha e suposto desvio de R$ 6,3 milhões da Câmara de Cuiabá em 2005 e 2006 não contradiz o discurso contra corrupção do diretório nacional, o senador pondera: “Na medida em que houver posicionamentos da Justiça, poderemos tomar decisões dentro do DEM. Pelo que me consta, ela está se defendendo das acusações”.

Após perguntar “por que não pergunta isso para os outros partidos?”, o senador explicou que a ex-tucana goza de plenos direitos políticos e por isso até que se prove o contrário não há motivos para questionamento dentro do partido.

Campos garantiu que caso sejam comprovadas as acusações contra Arruda, Chica Nunes ou qualquer outra liderança, providências serão tomadas. “O partido não pode poupar ninguém. O DEM já expulsou dois deputados federais”, lembrou.

Em outubro deste ano, a Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) emitiu parecer a favor para que Chica Nunes e mais nove pessoas sejam processadas pelo Tribunal de Justiça (TJ-MT), inclusive o ex-vereador cassado Lutero Ponce (PMDB). Eles foram denunciados formalmente por formação de quadrilha e suposto desvio de R$ 6,3 milhões da Câmara de Cuiabá nos anos de 2005 e 2006.

Caso a denúncia seja acatada pelo TJ, os denunciados poderão responder pelos crimes de peculato e formação de quadrilha. A pena é de até 15 anos de reclusão e pode ser aumentada, já que envolveria ocupantes de cargos em comissão ou função de direção.

Além de Chica e Lutero, também foram denunciados: Marcelo Ribeiro, marido da deputada e prefeito de Barão de Melgaço, Elson e Benedito Elson (irmãos dela), Silas Lino de Oliveira (representante das empresas que venciam as licitações simuladas), Ana Maria de Barros (contadora), Alessandro Rondon de Brito (ex-secretário-geral da Câmara), Gonçalo Botelho Filho (ex-secretário de Finanças) e Lúcia Conceição (ex-presidente da Comissão de Licitação).

Até o fechamento da matéria a deputada estadual não respondeu às tentativas de contato da reportagem.