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Domingo, 28 de abril de 2024

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Estou criando o som atual das rádios, diz produtor de Beyoncé e Leona Lewis

Na última década, Ryan Tedder tem levado uma vida dupla na música.


Como Ryan “Alias” Tedder ele é um compositor e produtor altamente bem-sucedido, que produziu sucessos como “Bleeding Love” (2007) e “Happy” (2009) de Leona Lewis, “Halo” (2009) de Beyoncé Knowles, e “Battlefield” (2009) de Jordin Sparks, entre outros. Ele também vai entrar no território country, com uma futura colaboração com Rascal Flatts.

Mas Tedder também é o líder da banda de pop rock One Republic, que ele co-fundou no Colorado em 2002 e que teve um grande sucesso com “Apologize” (2007), assim como dois álbuns, incluindo “Dreaming Out Loud” (2007), que recebeu disco de ouro, e “Waking Up” (2009), que estreou no 21º lugar na parada Billboard 200, em novembro.

Isso o mantém ocupado, reconhece Tedder, 30 anos, falando por telefone de uma parada na turnê do One Republic em Washington. Mas em grande parte do tempo, ele acha que suas duas carreiras complementam uma à outra.

“Todas as coisas que faço com outras pessoas abrem territórios que o One Republica não vai trilhar”, diz Tedder. “Isso nos permite desenvolver nossa própria identidade e não soar como os outros, porque o que faço fora (da banda) está ajudando a criar o som atual das rádios.”

“Assim, eu espero, com as coisas da banda nós poderemos seguir nosso próprio caminho e ver o que fazer para não soar como as outras coisas.”

Todavia, Tedder reconhece, encontrar o nicho próprio da banda não é fácil.

“Nós ainda estamos tentando nos conectar com o público comprador de álbuns, mas certamente estamos no mercado voltado a singles –como as coisas que componho para outras pessoas”, ele reconhece rindo. “Mas não queremos ser apenas barulho, há muito barulho por aí e bandas indistintas, de forma que é um desafio criar sua identidade em meio ao barulho.”

“Eu sempre fico desiludido quando a música se torna descartável. Eu começo a perder o interesse e isso é um subproduto de viver em um mercado voltado aos singles, onde as coisas são projetadas para ser descartáveis. Você vende 2 milhões de cópias e pronto. Para mim é mais importante que isso.”

Tedder começou a fazer seu próprio barulho na juventude. Ele tinha apenas 3 anos quando seus pais –seu pai é músico e sua mãe uma professora de escola em Tulsa, Oklahoma– o matricularam em aulas de piano e o mantiveram praticando, o recompensando com milho doce.

“Eu cresci ouvindo Sinatra e Hall & Oates, Beatles e Beach Boys”, lembra Tedder, que aprendeu sozinho a cantar e se apresentava na igreja e nos musicais da escola.

As raízes do One Republic foram plantadas em 1996, quando Tedder deixou Tulsa para passar seu último ano de colégio na Colorado Springs Christian School, onde ele jogava futebol e fez amizade com o futuro colega de banda, Zach Filkons. Ele continuou tocando música na Universidade Oral Roberts, em Tulsa, onde se formou em 2001 em relações públicas e contabilidade, e posteriormente arrumou um estágio em uma gravadora em Nashville. Lá, Tedder cantou e produziu demos, assim como assinou seu primeiro contrato como compositor.

A música country não era necessariamente seu gênero preferido, mas sua passagem por Nashville permitiu que Tedder a estudasse atentamente e aprendesse lições que aplicaria em sua própria música.

“O lance com o country é que não importa qual seja a moda no restante do mundo. No country tudo o que você precisa é de uma letra boa e honesta com a qual as pessoas se identifiquem, além de uma grande melodia. Eles apenas querem canções reais.”

“No Top 40 nem sempre é assim. Você pode ter um canção maravilhosamente composta, que seria um clássico há três anos, mas que fracassa por causa da mais recente moda ou outra coisa. Mas não é assim no country e o que isso me ensinou foi que, desde que eu saiba associar uma boa letra ou uma boa melodia a uma guitarra ou piano, então na teoria eu sempre terei uma carreira.”

Mas Tedder experimentou alguns obstáculos ao longo de sua carreira. Em 2001, ele venceu um concurso de talentos na MTV, cujo prêmio principal era um contrato com a Free Lance Entertainment de Lance Bass, membro do ‘N Sync, que supostamente resultaria no lançamento de um álbum. Mas isso nunca aconteceu. E o primeiro contrato de gravação do One Republic igualmente fracassou sem resultar em um lançamento de fato.

Protegido de Timbaland

Durante esse período, entretanto, Tedder se tornou um protegido de Timbaland. O produtor virtuoso o fez trabalhar com uma série de artistas e também incluiu um remix da canção “Apologize” do One Republica em seu álbum “Shock Value” (2007). A canção bateu recordes, foi a mais executada em uma semana –10.331 execuções– na história das rádios Top 40, passou 25 semanas consecutivas entre as Top 10 da Billboard e chegou ao primeiro lugar nas paradas de 16 países.

Quando Tedder quebrou seu próprio recorde com “Bleeding Love” de Lewis, sua reputação como autor de sucessos estava consolidada.

“Eu fiquei simultaneamente feliz, mas também tipo, ‘Que raios’”, diz Tedder rindo. “Eu sou uma pessoa voltada a metas, eu sempre sinto que estou tentando compor a canção perfeita ou a maior canção, mas os dois primeiros sucessos que consegui quebraram todos os recordes. Foi pura sorte ter acontecido tão rapidamente, mas é tipo, ‘O que faço agora?’”

A demanda por seu trabalho impediu Tedder de se preocupar demais. Além de Beyoncé e Sparks, sua lista de créditos começou a ser preenchida por artistas como Backstreet Boys, Michael Bolton, Kelly Clarkson, o ex-cantor do Soundgarden/Audioslave, Chris Cornell, Daughtry, Whitney Houston, Jennifer Hudson e Rihanna, Ele compôs para o álbum do vice-campeão do “American Idol”, Adam Lambert, e para Natasha Bedingfield, além de planejar trabalhar no novo álbum de Katy Perry, em 2010.

“A esta altura eu consigo deduzir qual será a reação a uma canção e por quê, ou qual será o público. Meu cérebro meio que analisa: ‘Por que esta canção está funcionando dessa forma e esta não?’ Há padrões e você pode imaginar por que certas canções sensibilizam as pessoas e outras não.”

“Eu não acho que alguém deva encarar a composição por um ponto de vista científico, mas é interessante manter isso em segundo plano na cabeça.”

Quando ele retornou ao “modo One Republic” para “Waking Up”, diz Tedder, ele teve que se divorciar dessa mentalidade.

“Eu tive que reaprender, ao longo do último ano, a não compor cada canção como se tivesse que ser um sucesso ou um hino épico de rádio, caso contrário seria ridículo. Então tive que realmente absorver muitas das músicas de outras bandas que escuto e meio que reaprender a compor canções que apenas me agradem, que não precisam ser nada além do que três, quatro ou cinco minutos de algo bacana.”

“Há muitas bandas no momento cuja ideia de lançar música me parece uma fórmula desenvolvida em laboratório por um superprodutor, e esse não é o som que procuramos. Nós queremos algo um pouco diferente, um pouco mais orgânico... mas que emplaque tanto quanto todo o lixo programado que rola por aí.”

Por causa disso, diz Tedder, ele espera que “Wide Awake” cresça aos poucos, como “Dreaming Out Loud”. Ele sente que o novo álbum tem “muito mais energia, é um pouco mais divertido e tem um pouco mais de atitude” do que seu antecessor, e ele espera que ajude o One Republic a estabelecer uma reputação que seja maior do que seus sucessos.

“Nós não queremos superar ‘Apologize’ ou ‘Stop and Stare’ (2007). Nós queremos fazer algo novo e diferente, seguir em frente e criar um novo som que seja específico do One Republic. Nossas canções são maiores do que nós até o momento e ficamos bastante cientes disso durante as turnês. Assim, esse álbum visa consertar isso e realmente criar uma identidade para esta banda.”

Tedder também pode estar procurando por uma nova identidade para si mesmo. Apesar de compor canções country ser seu atual desafio, ele também está interessado em escrever para cinema e diz que até mesmo tem trabalhado em alguns roteiros.

Acima de tudo, entretanto, ele expressa o desejo de “reduzir o trabalho de composição” no futuro próximo, tanto para a banda quanto para outros artistas, por temer se transformar em uma vítima de seu próprio sucesso.

“Eu posso chegar a um ponto na música em que ficaria tipo, ‘Ok, eu já consegui o que queria e não sei se vou conseguir superar isso’. Eu sempre fui o tipo de pessoa em que metade da diversão é chegar lá, de forma que prefiro fazer outra coisa do que agir tipo, ‘Ok, quero brincar de rei do pedaço e ver por quanto tempo posso permanecer aqui no topo’.”

“Eu não quero me transformar numa Madonna ou algo assim, onde você fica constantemente lutando para manter uma espécie de pole position. É esse tipo de pressão eterna para manter isso que enlouquece e começa a matar as pessoas.”

“Eu não quero que isso aconteça comigo.”
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