Olhar Direto

Terça-feira, 07 de maio de 2024

Notícias | Economia

Vale quer comprar ativos de fertilizantes da Bunge no Brasil

A Vale está em negociações com a Bunge para comprar ativos da empresa no segmento de fertilizantes no Brasil, informaram as duas companhias nesta sexta-feira


A mineradora brasileira afirmou ainda que a transação não deve ultrapassar 3,8 bilhões de dólares, conforme sua avaliação dos ativos negociados.

O negócio com a Bunge do Brasil, subsidiária da Bunge Limited, inclui a participação de 42,3 por cento da empresa na Fosfertil, a maior produtora brasileira de matérias-primas para fertilizantes.

Entretanto, as empresas destacam que nenhum acordo foi assinado ainda. O negócio, se confirmado, poderia representar --além do fortalecimento da Vale no setor de fertilizantes-- uma volta ao passado: em 2003, a mineradora vendeu a sua participação na Fosfertil para a Bunge por 240 milhões de reais.

"O portfólio total de ativos compreende minas de rocha fosfática e unidades de produção de fertilizantes intermediários com base em fósforo (fosfatados) e nitrogênio (nitrato de amônio e uréia)...", explicou a Vale em comunicado ao mercado, sobre o que está em negociação além da Fosferti.

Questionada se os outros ativos, além das minas e da Fosfertil, estariam em negociação com a Vale, a Bunge informou que não poderia comentar nada além do que está no comunicado da Fosfertil, por meio da assessoria de imprensa.

A estrutura da Bunge Fertilizantes não abrange somente minas e a Fosfertil, mas ela também atua em todas as etapas do processo produtivo, até a entrega final do produto, com mais de 3 mil funcionários. A companhia conta com marcas conhecidas como Manah, Ouro Verde e Serrana.

Na manhã desta sexta-feira, a Fosfertil informou ao mercado que a Bunge negociava a alienação de sua participação majoritária na empresa de fertilizantes e de insumos químicos para a Vale.

A Fosfertil acrescentou que a alienação, "caso consumada, não obriga a realização de oferta pública de aquisição de ações preferenciais de emissão da companhia".

Nos nove primeiros meses de 2009, a Fosfertil registrou uma receita líquida de 937,2 milhões de dólares, forte queda em relação ao mesmo período de 2008 (1,64 bilhão de dólares), quando o setor de fertilizantes registrou um boom, embalado pelos preços recordes de produtos agrícolas.

A Bunge do Brasil é também uma das maiores empresas brasileiras do setor de alimentos, atuando na área de processamento de soja e trigo, além de cana-de-açúcar. Além disso, ela também origina e negocia os produtos, nos mercados externo e interno.

ESTRATÉGIA

Não é de hoje que a Vale busca fortalecer a sua participação na área de fertilizantes.

No ano passado, circularam informações no mercado de que a mineradora estaria interessada na Mosaic, cujo acionista majoritário é a Cargill, concorrente da Bunge no segmento de commodities agrícolas. Mas as informações não se confirmaram.

De qualquer forma, a expansão das atividades da Vale no setor de fertilizantes é estratégica, não apenas do ponto de vista do negócio, mas também porque o governo do Brasil, uma potência agrícola, busca a autossuficiência do país em adubos --atualmente, cerca de 70 por cento do fertilizante consumido internamente é importado.

O maior acionista da Vale é a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Além disso, o banco de fomento do Brasil, o BNDES, também é acionista da empresa.

"A Fosfertil é um ativo para a Vale mostrar que quer mesmo ser grande em fertilizantes. É claro que tem um dedo do (presidente) Lula aí, mas é um bom negócio para a Vale, diversifica a produção, é um negócio importante", afirmou o analista Pedro Galdi, da corretora SLW

A Vale está desenvolvendo ativos de "classe mundial" para a produção de potássio no Projeto Carnalita, no Estado de Sergipe, no Brasil, além de Rio Colorado e Neuquén, na Argentina, e Regina, no Canadá.

A execução desses projetos transformará a Vale em um dos líderes globais na produção de potássio, com produção estimada em mais de 12 milhões de toneladas anuais, segundo informação do site da companhia.

Simultaneamente, a Vale está desenvolvendo o projeto de Bayóvar, no Peru, com capacidade de produção anual de 3,9 milhões de toneladas de concentrado fosfórico. Em uma segunda fase, Bayóvar poderá atingir produção total de 7,3 milhões de toneladas anuais.

BOM PARA AS DUAS

De acordo com uma fonte do mercado que pediu para não ser identificada, o negócio entre a Vale e a Bunge em fertilizantes faria todo o sentido, uma vez que a mineradora brasileira já conta com expertise para operar minas.

A fonte disse ainda que, ao vender a parte de mineração, a Bunge poderia se concentrar mais no seu negócio, o agribusiness.

A fonte concluiu, assim, que um acordo seria bom para as duas partes.

"A Bunge não vai vender as fábricas misturadoras de fertilizantes", destacou a fonte, lembrando que a multinacional do agronegócio tem todo um sistema estruturado de financiar o produtor por meio do setor de fertilizantes.

Normalmente, o agricultor recebe o adubo, comprometendo-se a entregar futuramente a sua colheita para a Bunge.

Com relação à inclusão da Fosfertil no negócio, a fonte lembrou que a Bunge está realizando uma reestruturação internacional e que, pelo mau resultado de 2009, a empresa pode ter entrado no pacote.

A Fosfertil também atua como fornecedora de insumos para empresas químicas, mas 70 por cento de sua receita vem da área de fertilizantes.

Perto do fechamento do mercado, as ações da Fosfertil reduziam alta, subindo 4,5 por cento, após os ganhos terem superado 13 por cento durante a sessão. Enquanto isso, as ações da Vale mantinham uma queda de cerca de 1 por cento.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet