Duas cartas encontradas pela Polícia Federal na casa de um ex-assessor do governador José Roberto (sem partido) levantam suspeitas de que o esquema de pagamento de propina no governo do Distrito Federal já ocorria na gestão anterior, de Joaquim Roriz (PSC). Reportagem da revista Época desta semana revela que as cartas foram apreendidas durante as buscas da operação Caixa de Pandora na casa de Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda e conselheiro afastado do TCU (Tribunal de Contas da União).

Segundo a revista, investigadores afirmam que o autor das cartas é Pedro Passos, ex-deputado distrital que renunciou em 2007 após acusações de corrupção. Numa das cartas, endereçada a Arruda, o ex-deputado pede dinheiro ao governador alegando dificuldades financeiras e cita quantias recebidas durante o governo Roriz. A carta, de acordo com a Época, não é datada.

Roriz negou à revista ter pagado propina durante seu governo. Passos nega a autoria da carta, mas admite que após deixar a Câmara Legislativa do DF mandou recados ao governador para cobrar ajuda financeira, mas que não teria recebido.

O suposto esquema de pagamento de propina no governo do DF foi denunciado por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda que também participou da gestão Roriz. De acordo com o inquérito da PF, era ele quem organizava os pagamentos a deputados, secretários e assessores de Arruda.

Durval deve ser ouvido na terça-feira (26) por deputados distritais da CPI da Corrupção na superintendência da PF, em Brasília. Desde a deflagração da operação, em novembro, Barbosa está sob proteção policial.