Nem dengue, nem gripe suína. Outra epidemia invadiu o Brasil e já atingiu Mato Grosso em cheio. Suas vítimas quase sempre são jovens do sexo masculino, mas alguns adultos e garotas também foram pegos. Este surto é sazonal, ocorre de quatro em quatro anos, e sempre ataca os aficionados por futebol – é o álbum oficial da Copa do Mundo (Editora Panini).
O álbum de figurinhas da Copa é uma tradição há 60 anos. Desde a retomada do evento, sediado no Brasil em 1950, após a Segunda Guerra Mundial, que o costume de colecionar e trocar figurinhas vem cativando os amantes do esporte no país.
Em Cuiabá não é diferente. Um dos principais pontos dos ‘viciados’ nas figurinhas da Copa é a banca 14 Bis, localizada na Praça Santos Dumont, na avenida Getúlio Vargas. Maurílio Esperidião da Silva, 57, é proprietário da banca há 23 anos, e desde que assumiu o comércio acompanha o sucesso que o álbum faz.
Ele conta que muitos dos adultos que cresceram colecionando as figurinhas têm hoje em dia o prazer de comprar e colá-las com seus filhos. Ainda de acordo com Esperidião, a busca é constante. Desde que abriu a banca há mais de duas décadas o sucesso é total. “A única coisa que mudou é que antes precisava passar cola pra colar e hoje é um adesivo”, brinca.
Cibercolecionadores
A nova geração, plugada diariamente na internet, usa os novos meios para dar continuidade à antiga tradição. A banca de Maurílio Esperidião, que para alguns pode ser sinônimo apenas do ‘antiquado’ modelo impresso (inventado em 1439 por Johannes Gutenberg), funciona quase como uma rede social, misturando o contato real e o virtual.
O sistema funciona de maneira bem simples: o jovem compra o álbum e as figurinhas na banca 14 Bis, deixa seu e-mail na lista de contatos e anota os outros endereços eletrônicos, que ficam sob a tutela de seu Esperidião.
Chegando em casa, os colecionadores matém contato via internet e marcam encontros pessoais para fazerem as trocas das imagens repetidas. É como se a 14 Bis de seu Esperidião conseguisse juntar a Geração Orkut com a geração que assistiu ao time de Barbosa; Juvenal e Bauer; Augusto, Danilo e Bigode; Jair e Zizinho; Friaça, Ademir e Chico, perder de virada a final da Copa de 1950, em pleno Maracanã para a seleção uruguaia por 2 a 1.
