Olhar Jurídico

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias | Criminal

RÊMORA 3: DENÚNCIA

Articulações políticas de Alan Malouf garantiram funcionamento de esquema criminoso, diz Gaeco em denúncia

20 Dez 2016 - 09:14

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Alan Malouf sendo levado pra prisão

Alan Malouf sendo levado pra prisão

Giovani Belatto Guizardi, delator premiado que ofereceu informações fundamentais para a deflagração da “Operação Rêmora 3 – Grão Vizir”, era o “testa de ferro” do núcleo de lideranças do grupo criminoso que arrecadava dinheiro cobrando propina em obras da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), afirma o Grupo de Atuação Especial em Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em denúncia distribuída e recebida pela juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, na tarde desta segunda-feira (19).

Leia mais:
MPE denuncia empresário Alan Malouf 19 vezes por crime de corrupção

Para o Gaeco não há dúvidas: Alan Malouf era o responsável por “efetuar as articulações políticas necessárias ao funcionamento de toda a estrutura criminosa”. Ainda, “as investigações demonstram que Giovani Belatto Guizardi é o ‘testa de ferro’ dos aludidos servidores públicos e de Alan Malouf, é a pessoa faz o trabalho sujo a fim de ocultar a identidade dos verdadeiros solicitantes/recebedores da propina”, afirma o Ministério Público Estadual (MPE) em determinado trecho da denúncia.

Conforme se apurou, Giovani Guizardi agia em nome de Permínio Pinto Filho, então secretario de Estado de Educação (Seduc) e de Alan Malouf, operando “a cobrança e o recebimento da propina, sendo o responsável por colher as reclamações dos empresários quanto a questões burocráticas relativas ao acompanhamento e fiscalização da execução dos contratos administrativos ligados à Seduc”.
 

*Trecho da denúncia do MPE.

A investigação revela que toda essa engrenagem criminosa teria sua dinâmica garantida por Alan Malouf, “pessoa que se encarrega das tratativas necessárias ao funcionamento do esquema ilícito. Neste sentido, Alan Malouf articulou junto a Permínio Pinto Filho, à época Secretário, para inserção de Giovani Guizardi, pessoa de sua confiança com quem guarda parentesco, na condição de operador de cobrança e recebimento de vantagens ilícitas relacionadas a obras públicas da Seduc, garantindo assim o pleno controle sobre as atividades ilícitas do grupo delituoso”.

“As tratativas de Alan Malouf que garantiram a ‘circunscrição’ sobre o cargo de Superintendente de Acompanhamento e Monitoramento da Estrutura Escolar - posto estratégico dentro da Seduc que garante o mecanismo de pressão sobre os empreiteiros para pagamento da propina, bem como de controle sobre tais pagamentos”.

Rêmora - Terceira Fase:

Em nota o MPE afirma que o Gaeco, em ação conjunta com Promotores de Justiça, Delegados de Polícia, Policiais Militares e Civis e o Núcleo de Ações de Competência Originária (NACO) deflagraram a terceira fase da Operação Rêmora, denominada “Grão Vizir”. Neste momento, agentes do Gaeco estão em diligência para cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pela Vara do Crime Organizado em desfavor do empresário Alan Ayub Malouf. Outros mandados de busca e apreensão e condução coercitiva também estão sendo cumpridos.

Nos autos da ação penal oriunda da "Operação Rêmora", o proprietário da Dínamo Construtora, Giovani Guizardi, firmou acordo de delação premiada com o MPE e envolveu o nome do empresário Alan Malouf, que teria doado R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques ao governo. Em contrapartida, o proprietário do Buffet deveria recuperar esse dinheiro por meio de propinas.

Giovani declarou que no ano de 2015 foi criado informalmente uma organização criminosa a qual o fez parte e o intuito era arrecadar fundos ilícitos para fins de saldar pagamentos não declarados em campanhas eleitorais de 2014. O empresário afirma ainda que não fez parte da “criação” do esquema e entrou nele quando as fraudes já estavam acontecendo, sendo operadas pelo então secretário de Educação, Permínio Pinto (PSDB), Fábio Frigeri, Leonardo Guimarães e Ricardo Sguarezi.

Giovani relata que conhece o empresário Alan Malouf desde a infância e foi ele quem o ajudou a entrar para o esquema. Guizardi procurou Malouf em março de 2015 e solicitou que sua empresa, Dinamo Construtora, pudesse trabalhar em obras na Seduc , pois nunca tinha atuado nesta secretaria, que é a terceira em maior volumes de obras no Estado. A primeira reunião teria acontecido no buffet Leila Malouf, ocasião em que o delator soube que o deputado estadual Guilherme Maluf era o responsável por indicar o superintendente da Seduc , Wander Luiz.

Giovani então reuniu-se com Wander na própria Secretaria de Educação e ouviu que o interlocutor estava com dificuldades e que as pessoas que investiram na campanha de Taques teriam que receber o dinheiro investido e essa pessoa seria Alan Malouf. Ficou combinado o pagamento 5% do valor das obras cobradas por Wander.

O declarante conta que o critério utilizado para a divisão da propina foi dar a maior porcentagem, de 25%, para para as figuras formalmente responsáveis pela pasta, como, Alan Malouf, Permínio Pinto e o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), que, de acordo com o delator, era quem detinha o real o real poder político na Secretaria. Por meio de nota, Maluf também negou qualquer participação em irregularidades. Fábio Frigeri e Wander ficariam com 5% e o delator 10%.

O outro lado:

A defesa de Alan Malouf enviou a seguinte nota ao Olhar Jurídico:

Sobre a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual nesta segunda-feira (19), contra o empresário Alan Malouf, a defesa informa que ainda não obteve acesso aos autos e somente após o conhecimento da denúncia é que vai se manifestar.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet