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PAGAMENTOS DAS VANTAGENS

Há 1 ano da Copa, Silval usou dinheiro público para alugar avião e ir a Curitiba exigir propinas

10 Ago 2017 - 17:34

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução

Silval Barbosa enquanto Governador

Silval Barbosa enquanto Governador

Em trecho de confissão feita ao Núcleo de Inteligência da Polícia Federal, o ex-governador do Estado Silval da Cunha Barbosa confessa que usou dinheiro público para alugar um jatinho que o levou, acompanhado do Secretário Extraordinário da Copa do Mundo, Maurício Guimarães, à Curitiba, no Paraná. O fato teria ocorrido em 2013, às vésperas da Copa do Mundo. O objetivo seria organizar com a CR Almeida S/A - Engenharia De Obras, que compõe, ao lado de outras empresas, o Consórcio VLT Cuiabá – Várzea Grande, como se dariam os pagamentos das propinas à organização criminosa.

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Narra Silval Barbosa que em 2013 “foi até a cidade de Curitiba/PR, juntamente com Maurício Guimarães, em avião da empresa Abelha Taxi Aéreo, que prestava serviço para o Estado, onde se reuniram em um restaurante em Curitiba com Marco Antonio Cassou, diretor do Conselho Administrativo e Arnaldo Manoel Antunes, ambos da CR Almeida”.

Questionado sobre o teor da reunião, o ex-governador confessa. “Foi tratado de forma direta com os aludidos diretores da CR Almeida tanto os atrasos da obra, como também sobre os pagamentos das vantagens”.

A CR Almeida não teria sido pega de surpresa, assevera o delator. “Tinham pleno conhecimento dos pagamentos da propina”. Até porque, conforme narra a PF, meses antes já havia sido “formalizado” o acordo de um pagamento de R$ 18 milhões em propinas pelo Consórcio VLT, que incluía a CR Almeida. O então diretor da empresa a chegou a procurar Silval Barbosa em seu gabinete, conforme o trecho abaixo:

“Foi procurado em seu gabinete pelo referido Diretor da CR Almeida, ocasião em que o Declarante reiterou a necessidade de recebimentos de 'retornos' dos pagamentos nessa reunião, com o que o representante da CR Almeida concordou; Que nessa reunião foi definido o valor dos 'retornos', que seriam no montante aproximado de 3% do valor a ser pago pelo Estado de Mato Grosso para o "Consorcio Vlt Cuiabá- Várzea Grande" referente às obras executadas; Que não entraram no acordo os pagamentos referentes à aquisição de equipamentos - carros e sistemas informatizados; QUE nesse momento, ficou definido que a propina incidiria apenas sobre os valores referentes às obras de engenharia; QUE com base nesse acordo, a estimativa de recebimento era o percentual de 3% sobre o montante de R$ 600 milhões, isto é, o retorno seria de R$ 18 milhões”.

Na manhã desta quarta-feira (09), tanto a sede do Consórcio VLT Cuiabá – Várzea Grande, em Mato Grosso, quanto a sede da CR Almeida S/A - Engenharia De Obras, em Curitiba, foram alvos de busca e apreensão, durante a deflagração da “Operação Descarrilho”.

A casa do ex-secretário extraordinário da Copa do Mundo (Secopa), Maurício Guimarães, localizada no condomínio Alphaville II, no bairro Jardim Itália, em Cuiabá, também foi alvo de uma devassa. Além disto, prédios nos bairros Santa Rosa, Bosque da Saúde e Jardim das Américas foram outros que receberam os agentes da PF.

Operação Descarilho:
 
As obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em vias de serem retomadas com a proximidade de acordo entre Consórcio e Governo, voltaram às páginas policiais na manhã desta quarta-feira (9), com a operação Descarrilho, deflagrada pela Polícia Federal, na qual são apuradas possíveis irregularidades na escolha do modal para operar na região metropolitana de Cuiabá. Entre os alvos da operação está o ex-secretário da Secopa Maurício Guimarães, conduzido coercitivamente.
 
A ação apura os crimes de fraude a procedimento licitatório, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais, em tese ocorridos durante a escolha do modal VLT e sua execução na Capital de Mato Grosso.
 
Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, sendo 10 em Cuiabá (MT), um em Várzea Grande (MT), um em Belo Horizonte (MG), um no Rio de Janeiro (RJ), um em Petrópolis (RJ), dois em São Paulo (SP) e dois em Curitiba (PR).
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