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Sábado, 27 de abril de 2024

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Cabo Gerson afirma ter grampeado conversa entre Silval Barbosa e Michel Temer

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Cabo Gerson afirma ter grampeado conversa entre Silval Barbosa e Michel Temer
O cabo Gerson Corrêa, que confessou a existência dos grampos ilegais em Mato Grosso, durante depoimento na madrugada deste sábado (28), em Cuiabá, afirmou ter grampeado uma conversa entre o ex-governador Silval Barbosa e o então vice-presidente Michel Temer (MDB), para que ele agilizasse habeas corpus a favor da ex-primeira dama, Roseli Barbosa. O diálogo foi interceptado em 2015.

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"Foi aí que teve uma ligação do Silval com o Temer, falando sobre agilizar o HC no STJ", disse o cabo durante o depoimento. Quebrei minha cadeia de comando e acionei o promotor responsável, no caso o Marco Aurélio. Isso causou cíumes, dor de cotovelo da major de uma forma absurda", comentou o cabo Gerson durante o interrogatório.

Em setembro de 2015, o Gaeco já havia revelado o contato de Silval com Temer. Silval foi gravado pelo Gaeco com autorização da juíza Selma Rosane dos Santos Arruda, em decorrência da operação Ouro de Tolo, que prendeu a ex-primeira-dama no último dia 20 de agosto, e o relatório das interceptações se tornou público quando foi juntado aos autos.



A defesa preparou um recurso para ingressar no STJ e Silval viajou para Brasília, no dia 25, por volta das 13h30, onde primeiro encontrou o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e posteriormente manteve seguido contato com a Vice-Presidência da República, por meio da chefe de gabinete de Michel Temer, identificada como Nara de Deus Vieira. 

De acordo com documento do MP, as conversas de Silval com Nara de Deus demonstram com clareza que Silval contatou a Vice-Presidência com o intuito de beneficiar Roseli no julgamento. “Senão fosse isso, por qual motivo Nara Vieira questionaria Silval se poderia falar esse assunto via telefone? E, por que Silval preferiu contatar de um telefone fixo para ligar ao fixo do gabinete de Michel Temer? E ainda, por que Nara Vieira contataria Silval quase às 23h (horário local, de Brasília) para questionar o nome completo de Roseli? Ao realizar tais questionamentos, não há dúvida que o propósito de Silval ao contatar o vice-presidente da República, não é outro senão a liberdade de sua esposa”, informou o Gaeco na ocasião.  


Depoimento de Gerson

A madrugada deste sábado teve início com uma bomba, principalmente nos bastidores da política. Isso porque o cabo Gerson resolveu confirmar a participação no esquema e confirmar a existência dos grampos ilegais em Mato Grosso. "Vim aqui hoje pra trazer a verdade real", afirmou Gerson, último ouvido desta madrugada.

O cabo citou o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques. Seria ele a pessoa responsável por bancar as interceptações que seriam feitas. Zaqueu teria ligado para Gerson informando que este se encontraria com alguém que dispostos a investir nas interceptações. Gerson foi com o coronel Evandro Lesco a um restaurante na estrada de Chapada, onde se encontrava Paulo Taques, primo do governador Pedro Taques (PSDB). Paulo teria mostrado disposição em arcar com as custas dos grampos que deveriam ser feitos. O grupo embolsou R$ 50 mil para comprar os primeiros equipamentos para as escutas.

O cabo Gerson acrescentou que o interesse da barriga de aluguel seria do governador Pedro Taques e do ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques: "O interesse das barrigas de aluguel é do Paulo Taques e do governador".

Gerson Corrêa Júnior atuava no Gaeco e possuia o ‘know how’ na operação do Sistema Guardião de Interceptação Telefônica. Foi levado em 2015 para o Núcleo da Inteligência da Polícia Militar, na Casa Militar, época dos grampos. Continuou na Casa Militar até maio de 2017, quando teve prisão preventiva decretada por ter operado o esquema de interceptações telefônicas ilegais.

Os acusados desta ação penal militar são: Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco, Ronelson Barros, Januário Batista e Gerson Correa Junior. Os cinco respondem pelos crimes de Ação Militar Ilícita, Falsificação de Documento, Falsidade Ideológica e Prevaricação, todos previstos na Legislação Militar.

Outro lado 

O Governo do Estado informa que o governador Pedro Taques determinou a apuração de todos os fatos relacionados às supostas escutas telefônicas clandestinas assim que a denúncia chegou ao conhecimento dele, em 2015, garantindo independência das Polícias Civil e Militar nas investigações.

O Governo do Estado ressalta ainda que o governador Pedro Taques solicitou ao Superior Tribunal de Justiça que ele próprio fosse investigado neste caso para comprovar, perante a Justiça, que não teve qualquer envolvimento nos fatos narrados por terceiros.

Já a assessoria de imprensa do ex-secretário Paulo Taques afirma que a defesa nega as acusações e que se pronunciará nos autos do processo.
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