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Terça-feira, 14 de maio de 2024

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OPERAÇÃO RÊMORA

Empresários envolvidos no esquema da Seduc reclamaram de valor de propina e ganharam “desconto”; veja vídeo

Foto: Reprodução

Secretaria de Estado de Educação

Secretaria de Estado de Educação

Os empresários que faziam parte do cartel de empreiteiras beneficiárias do esquema de fraude em licitações na Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT) reclamaram do valor da propina cobrada pelos agentes públicos e conseguiram diminuir a quantia de 5% para 3% do valor dos contratos. É o que aponta o Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). (Veja vídeo no final da matéria)


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O anúncio do “desconto” foi feito durante reunião realizado no dia 09 de dezembro de 2015 no escritório do empresário Luiz Fernando da Costa Rondon, administrador da empresa Luma Construtora Ltda. e um dos integrantes do núcleo de operações do esquema. Conforme os autos, Luiz Fernando relatou durante a reunião que as reclamações dos empresários em relação ao valor da propina já surtiam efeito e que os agentes públicos concordaram em diminuir o dinheiro cobrado.

“Não foi só você que veio conversar comigo sobre isso Joel, conversou o Celso, conversou o Zé e outros que foram encontrando comigo (...) reclamaram disso (...) Eu deixei bem claro que eu não tenho absolutamente nada a ver com isso (...) Que isso é algo estabelecido por lá, não é por isso que estou no processo (...) A maioria tem dificuldade, tô vendo o que todo mundo está passando, eu também estou passando (...).”

Afirmou Luiz Fernando referindo-se aos empresários Joel de Barros Fagundes, José Eduardo Nascimento da Silva e Celso Cunha Ferraz, ambos integrantes do cartel que eram beneficiados com licitações de obras públicas da secretaria em troca de propina do valor do contrato. De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), o esquema envolve um total de 23 empresários e, pelo menos 20 obras, foram 'alvos' da ação do esquema

Ainda durante a reunião, Luiz Fernando esclareceu os colegas empresários sobre a diminuição do valor:

“Ontem dei um cheque-mate: ‘olha preciso de uma definição, não tem mais como prorrogar (...) O pessoal não está conseguindo fazer isso, é muito pesado, está muito apertado, os preços são ruins, tudo isso traz custos financeiros para empresa (...)’ E consegui reduzir para 3%”. Disse Luiz Fernando durante a reunião.

O empresário também esclarece sobre os colegas que teriam atrasado a propina aos agentes públicos da Seduc. Segundo Luiz Fernando, o novo valor valeria somente "daqui pra frente" e não mudaria o valor que havia sido combinado anterioremente e que estava atrasado. 

O conteúdo da conversa foi obtido pelo Gaeco através da testemunha José Carlos Pena da Silva que foi convidado por Luiz Fernando para comparecer a reunião. Consta nos autos que o empresário ainda esclareceu o endereço de seu escritório a José Carlos para que este não se ausentasse do grupo.

Operação Rêmora

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), a organização criminosa era composta pelo núcleo de agentes públicos, o núcleo de operação e o núcleo de empresários. O primeiro formado pelos servidores Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri e Moisés Dias da Silva que estariam encarregados de viabilizar as fraudes nas licitações da Seduc mediante recebimento de propina.

Integrava o núcleo de operação Giovanni Bellato Guizzardi, Luiz Fernando da Costa Rondon e Leonardo Guimarães Rodrigues. São eles os mandatários dos servidores públicos e os encarregados de fazer os contatos diretos com os empresários que faziam parte do terceiro núcleo.

Entre os empresários do ramo da construção civil envolvidos no esquema destaca-se o ex-deputado estadual e governador de Mato Grosso, Moisés Feltrin que foi detido durante a Operação Rêmora. Feltrin é empresário do setor de construção e por determinação judicial seria conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos, mas como em sua casa foram encontradas armas de fogo, o mesmo foi detido em flagrante.

No total, o núcleo de empresários possui 23 empresários e pelo o menos 20 obras foram fraudadas durante a ação do cartel. O esquema de propina envolvia pagamentos de percentuais em obras que variavam entre R$ 400 mil e R$ 3 milhões.

Assista o vídeo da reunião entre empresários favorecidos no esquema



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