“Esse não seria um título ruim pra mim. 'O homem que ajudou a prender o Riva', mas não é verdade. Se fosse, eu ficaria lisonjeado”. A frase é do ex-senador da República, Antero Paes de Barros (PSB), rechaçando a afirmação do deputado José Riva (PSD) de que ele teria articulado juntamente com o advogado José Santoro a delação premiada do empresário Júnior Mendonça, beneficiando o pré-candidato ao governo do Estado, senador Pedro Taques (PDT). Nas palavras de Riva, que deixou a prisão na sexta-feira (30), o ‘comitê da maldade’ estaria atuando novamente e o esquema de delação premiada quanto a um esquema de lavagem de dinheiro e compra de apoio político teria sido fechado no gabinete do senador.

Riva acusa Taques de arquitetar sua prisão com “comitê da maldade"

“É uma clara tentativa de se vitimizar e não sei de quê. Trata-se de uma teoria de conspiração, de querer atribuir a outros a culpa”. Segundo Antero, desde o final da manhã ele recebeu, pelo menos, 40 telefonemas de congratulações pela ‘ajuda’. “Eu não mereço esses cumprimentos, de fato. Poderia até me calar e ser um dos autores, mas não procede. Agora, eu nunca vi uma decisão em que um inocente tem o passaporte apreendido, fica impedido de sair do país e não pode manter com nenhum dos investigados”. Referindo-se a possível atuação do Comitê da Maldade ele pondera: “quem comete a maldade é aquele que defende a apuração ou quem comete?”,questiona.

Para ele, as últimas declarações do parlamentar corroboram indiretamente em favor de Pedro Taques. “Quando ele afirma isso, indiretamente por burrice, atua na defesa [de Taques] porque se há elementos para delação premiada e se um empresário conta tudo, a tradução jurídica é essa. Não se trata de uma teoria da conspiração”. Questionado se pensa em medidas judiciais, Antero alega que ainda não sabe.  “Ele vem com essas pataquadas e são tantos os processos, tanto tempo de pena, mas ele possui bons advogados. Ainda vou estudar se entro com alguma medida”.

Ele afirma que mantém, de fato, uma relação de amizade com o ex-procurador da República, José Santoro. “Ele sim, é meu amigo particular. Inclusive esteve em Cuiabá e atuou em processo do meu irmão. Eu nunca atuei como intermediador”. Já sobre empresário Gércio Marcelino Mendonça (Júnior Mendonça) ele frisa que não possui nenhum vínculo e que não possui nenhuma relação com o mesmo. “Não conheço ele. Não tenho nenhuma relação. No máximo, boa noite, nunca falei mais que três minutos”.

“Ele tá agindo politicamente e falando inconsistências jurídicas. Estou sem mandato há seis anos, sete anos, que influência eu tenho? É me dar uma importância muito grande. Eu defendo, inclusive lancei no meu programa, a campanha ‘fala Eder’. Eu acho que ele deveria falar tudo o que sabe. Mato Grosso vai ficar muito melhor. Tenho certeza absoluta”.

5ª Fase da Operação Ararath

O social democrata José Riva foi preso no dia 20 de maio, após a deflagração da 5ª fazer da operação Ararath. Mandados de busca e de apreensão foram cumpridos em sua residência no bairro Santa Rosa, bairro nobre da capital. Ele é um dos investigados em um esquema de irrigação um ‘sistema’ (grupo político) por meio de empréstimos fraudulentos (pagos mediante o emprego de dinheiro público) e de lavagem de dinheiro. O dinheiro arrecado seria empregado para ‘aquisição de apoio politico’, pesquisas eleitorais e financiamentos de campanhas. José Riva teria se beneficiado com um empréstimo no valor de R$ 3 milhões. Considerando os impedimentos jurídicos (caso está sob segredo de Justiça), o deputado confirmou ter tomado os valores e frisou que não foram pagos com recursos públicos.