A dona de casa Ivone Reis Siqueira, apontada como lobista no esquema de venda de sentença investigado durante Operação Asafe, revelou que além de conhecer o desembargador Carlos Alberto da Rocha há anos informou que ia até a residência do magistrado “quando tinha algum processo para levar e negociar”. A informação foi repassada à Polícia Federal durante depoimento prestado no dia 18 de maio.

Segunda Ivone, um dos casos que levou até o magistrado foi referente ao processo de Carlos Eduardo Bezerra Saliba, cliente do advogado Max Weyzer de Mendonça, também investigado por integrar o esquema em Mato Grosso. Ela questionou o desembargador “se seria possível decidir favoravelmente ao cliente no processo e qual seria o valor cobrado pela decisão”.

“O magistrado disse que somente faria se fosse pago adiantado”, afirmou Ivone durante o depoimento, informando que o valor solicitado por Carlos Alberto da Rocha foi de R$ 40 mil. Sendo assim, a lobista repassou a informação para Max, que fez contato com o cliente, mas como não houve acordo nos valores o caso acabou não sofrendo influência.

Ivone relata que na maioria dos acordos ela recorria a advogada Célia Cury, esposa do desembargador José Tadeu Cury, para conseguir sucesso nas intermediações com os magistrados. Ela disse ainda que também fazia a indicação de clientes para os advogados e ganhava comissão com o serviço.

A dona de casa disse que mora em Cuiabá há 20 anos e conseguiu contatos no meio jurídico porque seu marido, Waldir Siqueira, é advogado e por cinco anos teve o escritório em casa. Durante a investigação, a Polícia Federal montou uma “escuta ambiental” dentro da residência dela e por isso constatou diversos diálogos suspeitos.

Sobre as frequentes visitas em sua residência, Ivone explicou que posso muitos amigos advogados e por isso recebia muita gente em casa.