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Sábado, 25 de maio de 2024

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Complexo do Alemão recebia 90% das drogas e guardava todo dinheiro

Antes de ser ocupado pela polícia e por integrantes das Forças Armadas no último domingo (28), o Complexo do Alemão recebia cerca de 90% das drogas e guardava todo o dinheiro da principal facção criminosa do Rio de Janeiro, segundo fontes da Polícia Civil.


Além de ter amargado prejuízos de mais de R$ 300 milhões com a perda de drogas e centenas de armas, os chefões do grupo ficaram "descapitalizados" porque o dinheiro obtido com a venda dos entorpecentes ficou no Alemão.

De acordo com a polícia, a quadrilha tinha uma reserva de emergência de cerca de R$ 15 milhões da "caixinha", quantia que seria usada na reposição de armas e drogas perdidas. Nem mesmo esse dinheiro ficou com os bandidos.

Sem recursos, a facção não tem como pagar os fornecedores de armas e drogas, que já se recusam a enviar cocaína e maconha para o Rio de Janeiro.

Para um policial, isso pode significar um "derrame" de drogas em outras favelas do grupo e pode trazer ainda mais prejuízos já que os usuários poderão se dirigir a comunidades dominadas por quadrilhas rivais.

Como o Alemão ficou desde 2008 sem receber uma grande operação policial, os bandidos preferiam levar drogas para lá em grandes quantidades e, posteriormente, distribuí-las já embaladas e em pequenas cargas para os outros redutos do grupo, no chamado "tráfico formiguinha".

Com a "quebra" do Alemão, apenas duas favelas do grupo têm condições de ainda ter lucro com a venda de drogas: a Parque União, no complexo da Maré, e o morro do Fallet, no Rio Comprido, ambas na zona norte. Elas administram seus próprios recursos e concorrem para se tornar o novo "quartel-general" da facção.

Alemão recebia traficantes estrangeiros

A importância do Alemão para a facção era tanta que traficantes colombianos e bolivianos, entre eles fornecedores de drogas e armas e até químicos (profissionais que trabalham no refino da droga), frequentavam o local. Eles sempre ficavam em uma casa na vizinha favela Vila Cruzeiro, na Penha.

Segundo policiais, os grandes carregamentos de drogas chegavam ao Alemão pela favela da Fazendinha. Muitas vezes em caminhões. Um dos principais "matutos" era o traficante Marcelo da Silva Leandro, o Marcelinho Niterói, homem forte de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar que, por mês, trazia cerca de 4,5 toneladas de maconha.

O Alemão é dividido entre as localidades da Fazendinha, Grota, Pedra do Sapo, Largo do Coqueiro, Nova Brasília, Areal, Inferno Verde, Baiana, Mineiros, Praça Jaó, Largo do Bulhufa, Alvorada e Central. O Coqueiro era a base preferida dos traficantes. No local, eram realizadas festas e bailes funks promovidos pelos traficantes, onde havia exibição de armas e grande consumo de drogas.

Ainda no Coqueiro, havia uma grande feira "atacadista" de drogas e armas. Cada chefão da facção possuía uma barraca e, lá, recebia os fornecedores para a compra das mercadorias.

Uma resposta do Estado

A operação no Complexo do Alemão faz parte da reação da polícia à onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro na última semana, quando dezenas de carros foram incendiados em vários pontos do Rio de Janeiro e houve ataques a policiais.

A ação dos criminosos foi vista pelo governo estadual como uma resposta às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nos dois últimos anos em comunidades antes dominadas pelo tráfico.

Para conter os ataques, a polícia, com apoio das Forças Armadas, realizou uma grande ofensiva na última quinta-feira (25) na Vila Cruzeiro, forçando a fuga de centenas de traficantes para o vizinho Complexo do Alemão, onde foram cercados nos dois dias seguintes.
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