O deputado estadual Alexandre César, líder do PT na Assembleia Legislativa e dirigente da Executiva Estadual do partido, acredita que a investigação da Polícia Federal contra o juiz federal Julier Sebastião, nome defendido pelo Partido dos Trabalhadores para ser candidato ao Governo do Estado, é mais um episódio da "judicialização da política".

"No meu entender há um processo em curso. O processo eleitoral. E o processo político e eleitoral está sendo contaminado pelo jurídico. Isso é mais um episódio da judicialização da política", disse o parlamentar. Para ele, cada vez mais o poder Judiciário está interferindo na esfera política, principalmente quando há envolvimento do Partido dos Trabalhadores.

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Neste caso, como Julier estaria sendo alvo por ser objeto de desejo público do PT para ser candidato a governador ou a senador. O mesmo argumento foi utilizado pelo advogado de Julier, Fernando Henrique Nogueira, que considera provável a tese de a busca e apreensão na casa e no gabinete do magistrado sejam uma tentativa de arranhar a imagem do juiz federal.

"Eu acredito que seja político. O Judiciário está interferindo na política. A própria OAB nacional já se manifestou a respeito recentemente, quando o Joaquim Barbosa (presidente do STF) trocou um juiz de ação porque ele pensava de um jeito e não de outro. Quer dizer... Parece que é público que o tratamento da Justiça com o PT é diferenciado. Mas isso não esmorece nossa crença na Justiça", ponderou o deputado.

Enquanto falava, Alexandre saia do seu tom sempre tranquilo e adotou uma postura mais agitada, que normalmente usa quando em uma debate acalorado. Abria os os braços em posição indagativa e sorria por ironia, demonstrando toda a indignação com a situação.

Para Alexandre, o Poder Judiciário adota padrões muito mais rígidos com o Partido dos Trabalhadores. Exemplo disso seria o próprio caso do Mensalão, a ação penal 470, na qual os réus não tiveram o processo desmembrado devido a diferença do foro, enquanto no Mensalão Mineiro, cujo principal partido envolvido é o PSDB, a divisão existiu. "Agora a regra para foro privilegiado é diferente para o PT?', pontuou.

Cedo para prejuízos

Ao contrário do correligionário Ságuas Moraes, que considera difícil para Julier ingressar no processo eleitoral devido ao fato de ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal, Alexandre César acha precipitado falar em prejuízo eleitoral para o juiz federal.

"É muito precipitado excluir alguém do processo eleitoral. Em especial o Julier, que sempre pautou a carreira pela lisura e coragem, tomando decisões que repercutiram não só em Mato Grosso, mas no âmbito nacional", afirmou Alexandre César.

O deputado estadual deu ênfase ao fato de Julier estar sobre investigação e não estar condenado. "Quantas operações vimos, quantas prisões vimos, que depois acabaram em nada? Eu mesmo já fui alvo de investigação anos a fio e fui absolvido. Na época os rivais diziam que existiam provas e mais provas cabais, mas fui absolvido por unanimidade", contou.