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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Calças e saias: meninas afegãs se transformam em meninos para ganhar dinheiro para suas famílias

Mehran tem seis anos e é uma menina do Afeganistão. Quando chegou na escola pela primeira vez, usava tranças no cabelo e vestido, mas com o passar do tempo, ela começou a se vestir como um menino. O professor que ensinava o Corão, livro sagrado para muçulmanos, exigiu que ela cobrisse a cabeça, e logo um boné fez o papel do véu sagrado. 

No Afeganistão, o sistema de segregação de gênero é um dos mais rigorosos do mundo, segundo o The Atlantic. Porém, a Bacha Posh, prática cultural bastante frequente no país, permite que famílias que só tiveram filhas escolham uma para ser um menino .


De acordo com os profissionais da saúde que trabalham no Afeganistão, famílias de todas as classes sociais disfarçam suas filhas dessa maneira. Isso acontece porque há uma necessidade de ter um filho, já que a sociedade afegã desvaloriza famílias que só têm filhas. 

O disfarce colabora no aumento da renda, já que meninas não podem trabalhar, e segue a regra de que um homem sempre deve acompanhar a mulher, independente da idade

A prática no Afeganistão é aceita e controversa, porque a Bacha Posh só pode ser um menino até a adolescência. Ao entrar na puberdade, a menina (que até então cumpria funções de um menino) deve se comportar como uma mulher. Ela deve casar e ter seus próprios filhos. 


Reconhecer seu gênero natural deve acontecer neste momento, já que durante a adolescência, ela não pode ficar perto de homens, porque poderia tocar ou ser tocada por eles, o que a tornaria impura, de acordo com a cultura afegã.

Mehran já se acostumou com o papel de menino e recusa qualquer brincadeira com bonecas. Ela gosta de corrida e futebol. Os professores de sua escola também colaboram para manter o disfarce e ajudam a menina quando precisa trocar de roupa. 


De acordo com os professores, ela está bem ciente que é uma menina, mas sempre se apresenta como um menino para os recém-chegados.

De acordo com a jornalista Jenny Nordberg, responsável pela reportagem para o The Atlantic, no Afeganistão, há um certo interesse em manter as crianças distantes de tudo o que pode atrapalhar a pureza delas. "Os detalhes sobre as diferenças anatômicas não são explicadas pelos pais, de propósito", conta Jenny.


O diretor da escola também explica que nessa idade, a única diferente entre os sexos é exterior: calças e saias.

Dentro de casa, Mehran pode ser quem é realmente. Enquanto trabalha nas vendas, a menina quase não encara ou fala com seus clientes, com medo de ser descoberta. 


Mas em muitos casos, as meninas não gostam de ser tratadas como meninos.

Zahra (foto), vive uma identidade masculina desde que tinha dois ou três anos de idade. 


Embora sua mãe tenha um filho, ela foi obrigada a ser a Bacha Posh da família, já que sua mãe fugiu do pai que abusava dela. Solteira, e com três filhos, ela teve que pedir que a filha ajudasse nos gastos de casa. 

Como uma mulher de dois filhos homens, ela é considerada uma pessoa digna de um pouco mais de respeito.

Quando questionada qual sexo ela prefere, ela responde "a menina", com um grande sorriso. 


A explicação para a escolha se dá porque sendo mulher, ela pode usar jóias e dançar.

Ainda não se sabe quantas Bacha Posh existem no Afeganistão, já que as famílias escondem a identidade real das crianças. Para eles, a prática favorece a menina, que tem sua infância garantida. 


De acordo com um estudo feito por Mara Hvistendahl, 160 milhões de fetos do sexo feminino já foram abortados em toda a Ásia.


 
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