Quem compareceu ao Tropical Hotel, na noite deste sábado (2), para prestigiar o primeiro show do Mc Guimê em Manaus se decepcionou. O artista, cotado como atração principal da festa "Conexão Carioca", não compareceu ao local do evento. Segundo a organização, o funkeiro deixou de embarcar no voo que seguiria de São Paulo para a capital amazonense e não justificou a ausência. Após receber a notícia, um homem chegou a invadir o palco. Com metade do cachê pago e um prejuízo de cerca de R$ 70 mil, a organização informou que moverá um processo contra o cantor. Ao G1, a assessoria do MC disse que deve se pronunciar sobre o caso somente na segunda-feira (3).

Momentos antes do show, entretanto, o músico publicou uma foto em uma rede social, que causou revolta entre os fãs que aguardavam pela apresentação em Manaus. Ao lado do Dj Alok Petrillo, Guimê diz ter curtido o show do amigo no Tomorrowland, evento de música eletrônica que ocorreu neste final de semana, em São Paulo.

Fãs, que ainda esperavam pela apresentação do funkeiro, perguntaram na rede social do artista sobre sua chegada na capital. Sem responder aos questionamentos, Guimê fez uma nova publicação, em que dá boa noite aos seguidores. O registro, entretanto, não foi bem recebido pelos fãs manauenses, que críticaram a ausência do paulista.

De acordo com a organização do evento, a assessoria do músico não justificou a ausência do cantor no show. "Já pagamos 50% do cachê e a outra metade ele receberia aqui. Recebemos a notícia de que ele não poderia vir pela tarde, como os outros músicos, porque ele teria um show para fazer em São Paulo, então compramos passagens para ele e a equipe, com embarque para às 20h30. Toda a banda estava no aeroporto, todo o grupo estava esperando por ele, mas ele não apareceu. Depois descobrimos que, na verdade, ele passou a tarde no Tomorrowland", explicou o organizador da festa, que preferiu não ser identificado.

No valor do prejuízo estimado de cerca de R$ 70 mil, está incluída a metade do cachê já pago ao cantor, que equivale a R$ 22,5 mil, segundo informou a organização da festa.

A má notícia da falta do MC recebeu vaias do público. "Eu vim pensando no show, comprei o ingresso só por conta dele [Guimê]. Eu, sinceramente, estou revoltada. Como assim a gente vem para ver ele e ele não está? Isso é uma falta de respeito total com os fãs daqui. Estou decepcionada", disse a fã Luna de Oliveira, de 19 anos.

"A gente vem com uma expectativa para ela ser frustrada. É triste isso. Perderam o respeito", completou Felipe Mendonça, de 20 anos.

Ao G1, a assessoria do Mc Guimê informou desconhecer os motivos da ausência do cantor no show programado para ocorrer na noite de sábado em Manaus. Por ser domingo e não haver expediente, a assessoria informou que deve se pronunciar sobre o caso somente na segunda-feira (3).

Noite carioca
A ausência de Mc Guimê revoltou, mas não acabou com a animação do público presente no evento. Ao som da dupla manauense "Real Mcs", "Mc Pekeno e Menor" e de "Mr. Catra", fãs de Manaus deixaram o "climão" de lado para curtir o bom funk carioca.

O rap amazonense da dupla Real Mcs abriu as apresentações da festa. Formada por Raul Real, de 21 anos, e Girom Araújo, 22, a dupla nasceu em 2013 e tem no nome a palavra "real", por ter letras que falam da realidade do povo brasileiro. Uma mistura de rap, hip hop e de funks que marcaram época, como "Bonde do Tigrão", animou o evento. "Temos influências do Projota, Racionais, Sabotage e de outros artistas do hip hop internacional e nacional. Vamos mostrar que em Manaus tem espaço para outros ritmos sim", disse Girom.

Em seguida, foi a vez de "Mc Pekeno e Menor" subirem ao palco. Pela primeira vez em Manaus, os dois não esconderam a animação de tocar na capital. "Desde 2012, 2013, muitos fãs daqui pedem para gente visitar Manaus. Ficamos empolgados", disse Pekeno. "Eu fico muito feliz de ver que a nossa música chegou até aqui, é uma satisfação enorme. Preparamos um 'showsaço'", completou Menor.

Durante o show, a dupla ousou sem medo na mistura de ritmos, mesclando a batida do funk a reggaes conhecidos, como "Liberdade Para Dentro da Cabeça" e "Folha de Bananeira". Os dois também cantaram sucessos da carreira, como "Toda Toda" e "Novinha Terrível". O ponto alto da apresentação foi o momento do "improviso", em que os músicos interagiram com a plateia cantando versos criados na hora.

Mr. Catra começou seu show já na madrugada de domingo (3) e mostrou que é capaz de transitar facilmente entre os mais diversos estilos musicais. O cantor começou a apresentação ao som de Lulu Santos, com "Como Uma Onda no Mar", pulou para "O Descobridor dos Sete Mares", de Tim Maia, e ainda deu conta de passear pelo reggae de Bob Marley, com "Is This Love".

Entretanto, o mais novo projeto de Catra consegue surpreender ainda mais. Conhecido pelo Funk, o músico, que fez parte de uma banda de rock nos anos 80, parece estar novamente pegando gosto pelo estilo, batizando o ritmo da nova banda, "Os Templários", de "Power Funk 'n' Roll". "Eu comecei cantando rock e, na verdade, nunca parei de cantar rock. Depois do 'Beco', que foi minha primeira banda, eu estive com "Os Apóstolos", que era uma mistura de rap com rock. Agora resolvi montar 'Os Templários', que é a junção de tudo", disse ele que garantiu que não abandonará o funk.

"Eu vou ser um 'funrockeiro'", brincou. "Eu sou muito Ronnie James Dio, fã do Ozzy, tem vários caras que eu curto mesmo. Eu sempre fui rockeiro, então o povo já está meio acostumado comigo. A recepção foi muito boa. A previsão é que daqui a um mês e meio a gente faça o lançamento da turnê e, sem dúvida, Manaus vai estar no bolo", completou.