O jovem que protagonizou o vídeo publicado na internet no último fim de semana, em que o pedreiro Mizael Manoel dos Santos, de 36 anos, aparece em uma situação humilhante, obrigado a deitar no chão enquanto é revistado e tem a bolsa roubada, disse em entrevista àTV Gazeta, nesta quinta-feira (27), que passou "do limite" e admitiu que estava sob efeito de álcool. Thiago Santos Soares, de 22 anos, agiu na companhia de outros dois amigos que não aparecem nas imagens. O caso ganhou repercussão após críticas de internautas à conduta dos jovens.
O caso está sendo investigado pelo delegado Egivaldo Lopes de Messias, do 2º Distrito Policial. Segundo Soares, que ainda não prestou depoimento à polícia, devido ao efeito do álcool, ele não lembra exatamente o que aconteceu naquela sexta-feira (21), dia em que a gravação foi feita, mas conta que, depois da abordagem, voltou para devolver a bolsa da vítima.
“Passei do meu limite. Naquele dia bebi além do que devia uma bebida que não costumo beber. Assim, as memórias são poucas. Não devolvi [a bolsa] na mão dele, mas joguei perto porque não pretendia roubar”, admite.
A mãe do estudante está muito abalada e diz que a família está recebendo ameaças. “Tem fotos de revólver nas redes sociais e ameaças dizendo que vão matar meu filho. As ameaças pelas redes sociais ultrapassaram os limites”, avalia a gerente comercial Cristiane Santos.
Em relação aos dois amigos de Soares, que estavam no carro no momento da abordagem à vítima, ele diz que depois de toda a confusão não teve mais contato com os colegas. “Estou arrependido do que fiz e quero pedir desculpa e perdão ao senhor Mizael, à família dele e à sociedade. Aquele que estava ali não era o verdadeiro Thiago", defende-se o estudante.
Para o advogado de Soares, a conduta do jovem não deve ser classificada como roubo, mas injúria ou constrangimento ilegal. “O roubo prescinde de se apropiar de algo. O que não foi o caso. Este é um crime de injúria, onde cabe indenização, mas não se admite prisão", coloca o advogado Raimundo Palmeira.
Ainda segundo a defesa, os garotos alegam que só queriam fazer uma pegadinha e a intenção não era divulgar, mas o rapaz que fez as imagens enviou o vídeo a um colega advogado para saber se eles teriam se excedido na brincadeira. Foi aí que o vídeo vazou.
Santos prestou depoimento à polícia na última quarta (26). Em entrevista à imprensa, ele se disse bastante constrangido com a situação a que foi submetido pelos jovens que nem conhecia. "Só quero justiça. Quero que eles paguem por isso para que não aconteça com mais ninguém", disse.
Direitos Humanos
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL) está acompanhando as investigações. O presidente da comissão, Daniel Nunes, afirma que é cada vez mais comum jovens divulgarem atos criminosos nas rede sociais e que essa prática precisa ser combatida.
“Este tipo de ação é inaceitável e não pode passar como uma brincadeira, ou ser menosprezada porque consiste em um ato violento”, enfatiza Daniel Nunes.
