O líder comunitário Carlos Oliveira, pai de André Luiz Oliveira, de 27 anos, morto em confronto com os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) minutos após o assassinato do soldado da Polícia Militar Elcio Ramos, alegou – em entrevista ao Olhar Direto – que o filho foi torturado com um cabo de vassoura e estava rendido, quando supostamente teria sido executado.

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“Meu filho foi pego, se entregou, ajoelhou e colocou a mão na cabeça. Mandaram uma família sair da casa toda, como se fossemos bandidos. Levaram meu filho, ‘chuçaram’ ele com cabo de vassoura. Torturaram ele. Quem assassinou o André foi o policial que estava com junto com o militar morto pelo meu filho”, disse Carlos durante o velório, que aconteceu na Capela da Pax Nacional, no bairro CPA II.
 
Carlos ainda disse que o filho não sabia se as pessoas que entraram na casa eram bandidos ou policiais, já que estavam a paisana: “Há três dias, tinha acontecido uma execução na nossa rua. Um amigo nosso foi assassinado. Quando foi ontem, os dois entraram na nossa casa. Meu outro filho me ligou, tenho a gravação e já passei aos peritos, dizendo que dois caras estavam dizendo que eram militares e estavam buscando dinheiro. Mas que dinheiro?”, indaga.
 
O líder comunitário ainda relata que o filho foi obrigado a carregar o soldado Élcio para dentro da viatura, sob ameaças. Além disto, duas crianças teriam ficado dentro da casa, sentadas no sofá durante toda a ação: “Existem ótimos policiais, mas o comando não está os deixando exercer o verdadeiro trabalho. Como que os policiais vão estar preparados se quem comanda não está. Meus dois filhos não têm treinamento de artes marciais. Como que eles tomam a arma dos dois policiais e os colocam para correr? Os militares estavam preparados? Que treinamento eles têm”, argumenta.
 
“Podem fazer exame nos meus filhos, vejam se encontram droga. Façam exame no pai também. Não podem sair acusando que lá é boca de fumo, moro há 34 anos naquela comunidade. Todas as pessoas que estão aqui ao redor não vieram ver um bandido morto. Vieram ver um gente boa, um cara bom. Levanta o histórico dele secretário. Ele estava nas suas mãos, com as mãos levantadas, entregue”, disse Carlos.
 
Também no fim desta manhã, o secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, disse – em entrevista ao Cadeia Neles – que “os dois têm passagem. Um por crime de furto e outro por tráfico de drogas. Hoje de madrugada eu fui ao velório de um pai de família. Não se tratavam de inocentes. Eles estavam comercializando uma arma de fogo e há indícios de que ela poderia ter sido utilizada na morte de uma pessoa”.
 
Carlos ainda alegou que diversas viaturas ficaram passando na rua da família durante a noite de ontem. “Hoje aqui no velório está lotado, provando para todos que meu filho era de família. Estão invertendo a história. Meu filho não volta mais, mas a sua consciência pode voltar secretário. Eu preferia que meu filho fosse estuprado, mas que estivesse do meu lado”.
 
Por fim, ele ainda revelou que um animal de estimação da família também teria sido morto: “Os caras estavam malucos, mataram minha cachorrinha e jogaram no porta-malas da viatura. A vizinha foi quem nos disse isso”.
 
O caso
 
Um policial militar, do Setor de Inteligência do Comando Regional de Cuiabá, foi assassinado na capital do Estado, na última terça-feira (02).  A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que ele estava em serviço. O crime foi registrado no CPA III, setor cinco, por volta das 15h. A vítima foi identificada como Elcio Ramos Leite. Às 16h50, foi divulgada a imagem de um suspeito do crime, morto. Ainda sem identificação ele foi transportado na carroceria de uma picape do Batalhão de Operações Especiais (Bope).