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Especial Peru

Lago Titicaca revela ilhas e povoados atípicos que se transformaram em grandes atrações turísticas

13 Ago 2013 - 12:40

Especial para o Olhar Conceito - Thalita Araújo

Foto: Thalita Araújo

Mulher taquile vendendo seu artesanato à beira do Lago Titicaca

Mulher taquile vendendo seu artesanato à beira do Lago Titicaca

O lago navegável mais alto do mundo, o Titicaca - a quase 4 mil metros acima do nível do mar, entre Peru e Bolívia - carrega surpresas sobre suas águas que se tornaram grandes atrações turísticas, como as ilhas flutuantes de Uros e a ilha Taquile.

Saindo de Cusco, retomamos a viagem de carro e partimos em direção à cidade peruana de Puno, a pouco menos de 400 quilômetros. Por conta da sinuosidade das estradas (e das belezas pelo caminho) demoramos em torno de 8 horas para concluir o trajeto.

A primeira parada no caminho foi a pouco mais de 40 km de Cusco, em Andahuaylillas, onde nos disseram haver uma igreja digna de visita. Cidadezinha pequena e meio deserta, praça central com um pouco de artesanato e uma igreja que por fora não parece muito atrativa. Já pode dentro... Um espetáculo de monumento, cheio de pinturas rebuscadas com estilo local, muito ouro, prata e muitas cores. Vale demais a visita. De Anhahuaylillas, voltamos à estrada.

Chegada a Puno

Puno é uma cidade feia, apesar de margear o Titicaca. Mal acabada, assim digamos, já que as pessoas evitam terminar obras para escapar do pagamento de impostos. Aí, a paisagem é de um bagunçado campo de obras inacabadas.

À beira do lago, barqueiros se aproximam dos turistas para oferecer os passeios de barco, mas preferimos comprar pelo hotel onde nos hospedamos, o que não significou pagar mais. Na média, nos ofereceram passeios de um dia inteiro (com almoço e traslado) por entre 50 e 60 soles, o que dá um pouco menos em reais.

No dia seguinte, uma van veio nos buscar à porta do hotel antes das 6h da manhã, sob muito frio, abaixo de 0 graus. Os primeiros minutos no barco não são muito interessantes, uma vez que a parte do lago nas proximidades da cidade é extremamente poluída e fedida.

Islas Flotantes

Debaixo de um sol mais reconfortante, chegamos às ilhas flutuantes de Uros, muito interessantes. Um conglomerado de ilhas artificiais forma a comunidade. Elas são feitas com um capim aquático chamado Totora.

As raízes da Totora são amarradas em blocos e sobre eles são colocadas várias camadas do capim, formando assim as ilhas flutuantes, sobre as quais são construídas casas, também de Totora. Uma vez pronta, uma ilha tem durabilidade de até 45 anos, sendo substituída quando necessário.

As comunidades flutuantes vivem basicamente do turismo, recebendo pessoas de todo o mundo em suas casas, mostrando suas moradas, vestindo suas roupas nos turistas. Muito atenciosos, eles encantam e, em contrapartida, oferecem seu típico artesanato para ser comprado por quem passa por ali.

Uma das ilhas possui até igreja e escola, mas muitas crianças vão estudar na cidade. Uma curiosidade: os casais se formam somente entre pessoas que moram nas ilhas, sendo prática incomum uma pessoa da ilha casar-se com alguém da cidade.

Isla Taquile

Saindo das ilhas flutuantes, viajamos em torno de 1 hora e meia de barco até chegarmos a uma ilha natural, Taquile. Subir da beira da água até o topo da ilha, naquela altitude, pode ser bem cansativo, mas a vista vale muito a pena.

Os habitantes da ilha têm uma cultura muito peculiar. As vestimentas também são diferenciadas, as mulheres usam uma túnica preta sobre a cabeça e parte do corpo, que ajuda a proteger do frio e a captar o calor do sol.

Os homens vestem-se de branco e preto e usam gorros vermelhos e brancos nas cabeças e a cor deste adereço revela o estado civil do cidadão. Se ele usar o gorro todo vermelho, é casado, e outras mulheres não devem aproximar-se...


Na ilha Taquile, as pessoas trabalham com agricultura e fazem artesanato com lã de alpaca. Os adereços tecidos ali são conhecidos por terem a maior qualidade de todo o Peru. Os gorros são realmente muito bonitos, de acabamento impecável.

A lã é comprada da cidade. Na agricultura, os trabalhos são bem interessantes: durante 3 anos apenas um lado da ilha é utilizado para plantio, enquanto o outro lado tem um descanso para a terra. Depois de 3 anos, o lado é trocado. E todo tempo os cidadãos dos dois lados trabalham juntos e dividem os resultados.

O almoço aos turistas é oferecido por nativos da ilha. A nós serviram uma deliciosa sopa de quinoa como entrada, seguida de uma truta grelhada muito saborosa, fresca, com batatas. E, para sobremesa, chá de coca com menta.

O fim. Só saudade

Depois de 10 dias rodando pelo Peru, pegamos a estrada para retornar. De Puno a Ji-Paraná, RO, seriam mais 2 dias e meio, que prolongamos um pouco com uma parada na Bolívia. O começo da estrada de volta é sensacional, passando ainda mais perto da cordilheira imponente e cheia de neve.

As primeiras horas de descida, até a vegetação começar a surgir densa e verde, são realmente um espetáculo, paisagens incríveis. Fomos do clima seco com muito frio e neve ao calor da floresta em algumas horas. É impressionante.

Depois da descida, reencontramos a mesma estrada por onde passamos na ida. Dormimos em Puerto Maldonado na primeira noite. No dia seguinte, uns 100 km depois de atravessar a fronteira do Brasil, margeamos a fronteira Brasil Bolívia. Entramos no país vizinho para visitar a cidade da fronteira, Cobija, um “paraíso” de compras. Eletrônicos, perfumes, bebidas, cosméticos, roupas, artigos para casa... Também vale muito a pena.

A última noite na estrada foi em Rio Branco e antes de acabar o dia seguinte chegamos a Ji-Paraná, de onde voei menos de 2 horas até Cuiabá.

Muitas pessoas me procuraram perguntando sobre a viagem, dizendo que era um sonho delas fazê-la também. O que eu digo para todas elas, e repito aqui, é que esse sonho é muito mais fácil de realizar do que as pessoas imaginam.

Podemos chegar lá de avião, de carro, de ônibus... As opções se combinam a todo tipo de situação e, no geral, em comparação com uma viagem pelo Brasil, os preços são mais acessíveis.

Vale a pena se informar, planejar e ir. O Peru é inesquecível! E, no fim, são muitas fotos, histórias e uma grande saudade.

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