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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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'Não sou pop, nasci funkeira e vou morrer assim', diz Valesca Popozuda

"Beijinho no ombro" deu trabalho a Valesca Popozuda. E a ginástica da funkeira não se resumiu a distribuir beijos e ameaças às inimigas no clipe de mais de sete minutos, com orçamento, segundo ela, de R$ 437 mil. Desde o lançamento do clipe, com 2,3 milhões de visualizações em um mês, ela já fez shows de Manaus a Florianópois, passando por São Paulo, Bangu (RJ) e vários outros palcos, incluindo na sua cidade natal, o Rio. "Sempre trabalhei, e tenho trabalhado mais ainda", ela diz ao G1.

Valesca é o maior fenômeno do funk em 2014 até agora. Ela não pretende seguir o caminho de artistas semelhantes que despontaram em 2012 e 2013. Naldo e Anitta se aproximam mais da música pop norte-americana do que do funk, cena em que começaram a carreira. "Admiro o trabalho dos dois. Só que eu, Valesca Popozuda, não sou pop. Eu sou funkeira. Eu vou continuar sendo funkeira. Nasci funkeira, vou morrer funkeira, entendeu?", diz Valesca.
Ela também não se distancia da luta contra a homofobia ("Sempre digo pra não abaixarem a cabeça para ninguém", diz sobre os fãs gays) e pelo feminismo. "O que a gente vê é que para o homem tudo é mais fácil. Se ele pega dez numa noite é o garanhão. Se a mulher quiser beijar três, já é galinha, p...", defende a cantora.
Ela já pensa nos outros passos depois de "Beijinho no ombro". "Esse [clipe] foi foda. Então acho que tem que superar o primeiro", planeja.

G1 - Em que medida a repercussão de “Beijinho no ombro” era esperada por você?
Valesca Popozuda - O que a gente espera é sucesso. Foi a primeira música de carreira solo, o objetivo era ficar na boca da galera. Graças a Deus aconteceu. Depois do clipe as pessoas ficaram conhecendo muito mais. O que eu esperava é o que está acontecendo.
G1 - Mas achou que seria o clipe mais visto no país, como aconteceu no começo do ano?
Valesca Popozuda - Eu acreditei. Depositei toda a minha fé, minhas energias, carinho, tudo. É uma música difícil de escutar e não gostar.
G1 - A composição [de André Vieira, Alex Viana e Leandro Pardal] foi encomendada por você?
Valesca Popozuda - Eu já tinha outra música que iria gravar. Tinha várias faixas que estava escolhendo para a carreira solo. Aí um amigo meu, o [DJ e produtor] Batutinha conheceu os meninos e achou que a música que tinham feito era a minha cara. ‘Quando ouvi, só pensei em você’, ele disse. Eu falei: ‘Caraca, essa música é foda. Se fizer uma produção boa, acho que vai ficar.’
Outro dia passou um senhor e falou: ‘Valesca!’, e deu um beijinho no ombro. Nunca imaginei que um senhor ia me gritar no shopping e ficar beijando o ombro."
Valesca Popozuda, cantora
G1 - Já teve algum retorno financeiro com a música? Tem shows mais cheios?
Valesca Popozuda - O retorno financeiro quem vai ter é o empresário. No clipe, foi ele quem gastou tudo. O objetivo era botar para f... Sem medir quanto ia gastar. [Valesca já disse que o clipe custou R$ 437 mil]. O retorno em dinheiro é consequência. Isso vem aos poucos. Tem que pensar em agradar. Graças a Deus eu sempre trabalhei, nunca fiquei em casa. E agora tenho trabalhado mais ainda.
E tem o reconhecimento da galera. No shopping, ou em qualquer lugar, pessoas de várias idades vêm falar. Crianças, adolescentes, mais velhos. Eles sempre olham para mim e dão beijo no ombro. Outro dia passou um senhor e falou: ‘Valesca!’, e deu um beijinho no ombro. Nunca imaginei que um senhor ia me gritar no shopping e ficar beijando o ombro. As pessoas me mandam vídeos de crianças dançando. Eu não pensava que a música ia atingi-las. Eu não trabalho com as crianças. A gente conta com a sorte de que ela vai atingir a todos.
G1 - Pode haver uma pressão maior para não ter um sucesso só?
Valesca Popozuda - A gente sempre pensa. Estamos com a música de trabalho. Mas já estou vendo outras, já estamos pensando em outro clipe. Esse foi foda. Então acho que tem que superar o primeiro. Tenho hoje dez músicas para escolher. Peço opiniões para não ficar igual à anterior. Quero histórias diferentes.
O que a gente vê é que para o homem tudo é mais fácil. Se ele pega dez numa noite, é o garanhão. Se a mulher quiser beijar três, já é galinha, p..."
Valesca Popozuda, cantora
G1 - Você tem um público gay grande. Qual a importância desse público para você?
Valesca Popozuda - Eu sempre tive uma proximidade grande deles. Sempre converso no meu Twitter e nas redes sociais. Eu luto contra a homofobia. Sempre digo pra não abaixarem a cabeça para ninguém, para ser o que eles são. Posso dizer que eu não me joguei para eles, eu fui abraçada. Há muito tempo me abraçaram, me acolheram, guardaram para eles. Tenho uma gratidão enorme por isso, estamos na luta juntos.
G1 - Você se considera feminista?
Valesca Popozuda - Eu sou feminista. Sempre lutei pelas mulheres. Quando eu falo das mulheres eu não vulgarizo. Muitas se identificam com as letras das músicas. Muitas falam: ‘Poxa, eu não tinha coragem, eu me calava para tudo. Depois que conheci você e suas músicas, eu mudei.’ Eu também criei coragem para isso. Acho legal as mulheres se identificarem. Elas dizem: ‘Agora eu grito liberdade, não tenho mais medo de gritar liberdade’. Busco com que elas se respeitem e confiem nelas mesmas, porque elas têm o poder. Só não tem quem não quer.

O que a gente vê é que para o homem tudo é mais fácil. Se ele pega dez numa noite é o garanhão. Se a mulher quiser beijar três, já é galinha, p... A liberdade é para todo mundo. O que você faz ou deixa de fazer é um problema seu. Desde que você ponha limite e não se exponha ao ridículo.
G1 - Alguns artistas, como Naldo e Anitta, se distanciam do funk em direção ao pop. Assim, valorizam suas ‘marcas’. Como pretende levar sua carreira em relação a isso?
Valesca Popozuda - As pessoas têm o direito de escolher qual caminho tomar. Eles escolheram abraçar o pop. Esse negócio do preconceito contra o funk hoje em dia é tão pouco... O funk, graças a Deus, está atingido o Brasil, e, pode se dizer, o mundo também. Eles escolheram esse lado, perfeito, admiro o trabalho dos dois. Só que eu, Valesca Popozuda, não sou pop. Eu sou funkeira. Eu vou continuar sendo funkeira. Nasci funkeira, vou morrer funkeira, entendeu? Sou desse jeito, goste ou não. Não vou mudar meu trabalho. Se falarem para gravar com alguém um axé ou um pagode, é diferente. Não vou fugir da minha raiz, seria participação em outro ritmo. Mas não pretendo mudar nunca.
Tem outras cantoras, grandes nomes na música brasileira, me procurando para gravar minha música ‘Beijinho no ombro’ e outras coisas."
Valesca Popozuda, cantora
G1 - E você tem recebido estes convites de outros estilos?
Valesca Popozuda - Sim, a gente está vendo ainda. Tem outras cantoras, grandes nomes na música brasileira, me procurando para gravar minha música ‘Beijinho no ombro’ e outras coisas. É legal, você pensa: ‘Caraca, está crescendo, as pessoas estão notando’. E vejo que muita gente curte rock, pop, sertanejo, pagode e não curte o funk, mas gosta de mim. Quando saiu meu clipe, eles falaram: ‘O único funk que eu gosto é da Valesca Popozuda’. Quer dizer, consegui abrir o coração das pessoas que não estavam voltadas para esse lado do funk.
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