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Sábado, 27 de abril de 2024

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Leite: Vilão ou mocinho? Entenda a discussão dos nutricionistas acerca da bebida

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Leite: Vilão ou mocinho? Entenda a discussão dos nutricionistas acerca da bebida
Todos os dias surgem na internet novas receitas de alimentos sem lactose. As lojas especializadas em produtos naturais orgulham-se de vender bolos, bolachas, empadas, massas e outros produtos sem leite. Mas porque isso?

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Até alguns anos atrás era comum ouvir que o leite era necessário para o crescimento por conter cálcio. Ele era o salvador nos casos de osteoporose e doenças como o raquitismo. No entanto, nos últimos anos alguns pesquisadores descobriram que a maioria dos seres humanos tem algum nível de intolerância à lactose, o que provoca reações do organismo que muitas vezes passam despercebidas. No entanto, o grande problema não é este, e sim as proteínas do leite que causam alergias.

De acordo com a nutricionista Ira Arruda, o leite de vaca que é vendido hoje em dia sofreu diversas alterações na sua composição com a industrialização. Existem diversos antibióticos, conservantes e outras substâncias químicas que prejudicam o organismo no leite que é vendido nos supermercados.

No entanto, ela diz que o que é mais perigoso no leite são as proteínas: “O que mais prejudica o organismo humano, com certeza não é a lactose. A outra parte do leite, que são as proteínas, é que apresentam uma série de sintomas clássicos e são mais agressivos. A proteína do leite está associada a alergias infantis e em adultos. Os quadros de amidalites, otites, sinusites, refluxos, bronquites, pneumonias, rinites, intestino preso, diarréias, gases, azias, dores articulares, estão diretamente relacionados com a alergia ou intolerância as proteínas do leite e não à lactose, como a população entende. A retirada da lactose não alivia esses quadros citados”, explica.

A famosa “intolerância à lactose”, então, seria apenas uma deficiência fisiológica da enzima lactase, que digere o açúcar do leite, lactose: “Nascemos com uma quantidade e vamos diminuindo a produção desta enzima ao longo da vida, até porque o consumo de leite, mesmo que materno, tem um prazo recomendado (2 anos). Então não é nenhum absurdo ter uma intolerância a lactose. A tolerância nestas pessoas pode ser melhorada com o consumo de queijos em substituição ao leite”, complementa Ira.

Por ser mais simples e poder ser tratada, a intolerância à lactose pode, muitas vezes, ser confundida com a alergia às proteínas que, essas sim, nem sempre são temporárias. Para ter certeza do problema e do que se deve fazer, é importante procurar um nutricionista funcional e ter uma avaliação individualizada do caso.

Outro problema associado ao leite é a produção de muco. Ira explica que a medicina chinesa, há mais de 4000 anos, já dizia que isso acontece, e os resultados podem ser observados em quem é intolerante ao leite de vaca (e não à lactose).

Alguns estudos recentes relacionam vários componentes do leite de vaca a problemas de saúde. O soro do leite pode influenciar na formação de acne, o hormônio IGF-1 pode causar miopia, acne, alguns tipos de câncer e antecipar a primeira menstruação. No entanto, ainda não se pode afirmar com certeza nenhuma dessas afirmativas.

Outro lado

Alguns estudos mostram benefícios do consumo de leite de vaca, no entanto. Segundo parecer do Conselho Regional dos Nutricionistas de São Paulo, publicado no ano de 2012 e ainda não modificado, “O leite de vaca e de outras espécies animais são excelentes fontes de nutrientes e podem fazer parte de uma dieta normal de indivíduos em todas as fases do desenvolvimento, especialmente na infância”.

Eles afirmam ainda que a recomendação de cortar a lactose totalmente das dietas não tem respaldo científico aprovado no Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar e deve ser feita somente para os pacientes com intolerância à lactose comprovada, ou outros tipos de doença que, comprovadas por médicos, tem o leite como contra-indicação.

A sugestão do CRN-3 é que o uso de leite seja feito com moderação, de dois a três copos por dia de leite e/ou derivados.

Outras pesquisas mostram que o hormônio IGF-1 (citado acima) é essencial para o ganho de massa muscular e que os aminoácidos do soro do leite também promovem hipertrofia muscular. “Por isso os atletas consomem tanto Whey Protein”, afirma Ira Arruda. Além disso, algumas substâncias do leite podem diminuir a pressão arterial.

Em relação à osteoporose, no entanto, Ira afirma que é apenas mito que a prevenção pode ser feita com leite: “Para isso basta lembrar que os EUA são os maiores consumidores de leite de vaca e também líder da prevalência de osteoporose no mundo”, complementa.

A necessidade do leite para consumo de cálcio também é outro mito. “A couve, por exemplo tem um cálcio muito mais biodisponível que o do leite de vaca. Cálcio não entra sozinho no osso, se não tivermos um equilíbrio de magnésio, fósforo, vitamina C, Boro, manganês e vitamina D, o cálcio vai apenas se depositar nas artérias, articulações e rins. Outros alimentos também são fontes como: brócolis, gergelim, chia, cogumelos e algas”, explica Ira.

A resposta, portanto, é que depende. A nutricionista afirma que o leite pode ser um alimento ou um veneno, dependendo da pessoa que ingere. O melhor caminho é procurar um profissional e ver o que se encaixa melhor para o seu organismo.

Serviço

Ira Arruda é mestre em Nutrição pela UFMT, residente em Nutrição pela USP - Ribeirão Preto, tem curso de especialização em Nutrição Ortomolecular - FAPES -SP, curso de especialização em Nutrição Funcional - VP Consultoria -SP e é Nutricionista no HUJM/UFMT e naClínica Integral Saude: (65) 3028 5665.

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