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02/06/2014 - 11:45

'Nenhum legado é da Copa', diz Dilma em inauguração da Transcarioca

G1

Em visita ao Rio neste domingo (1º), a presidente Dilma Rousseff afirmou que as obras de mobilidade e transporte realizadas pelo governo serão legados para o "povo brasileiro" e não para a Copa do Mundo. A passagem da presidente pela cidade foi marcada por protestos na entrada dos eventos, com críticas aos gastos públicos para a realização do Mundial.

"Diziam que a Copa do Mundo não tinha legado nenhum. Eu, pessoalmente, acho que nenhum legado é da Copa do Mundo, todos os legados são do povo brasileiro. Por exemplo, nós não estamos fazendo aeroportos para a Copa do Mundo. Nós estamos fazendo aeroportos para todos os brasileiros. Por acaso, vai ser usado na Copa do Mundo", disse.

A declaração foi feita durante inauguração da Transcarioca, via exclusiva de ônibus que liga o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim à Barra da Tijuca. Mais cedo, no início da manhã, Dilma inaugurou as obras de ampliação do Terminal 2 do aeroporto. A reforma do Terminal 1, prometida para o Mundial, ainda está inacabada.

No evento da Transcarioca, em Madureira, Dilma voltou a dizer que os turistas estrangeiros que vierem ao Brasil não levarão as obras do governo, mas o carinho do povo. "Quando eles vão embora para casa, na mala deles não cabe o BRT Transcarioca, não cabe o Aeroporto do Galeão, não cabe o estádio do Maracanã. Agora, na mala deles cabe o seguinte: o gesto de carinho, o gesto de bem receber", afirmou.

A presidente disse que o BRT era uma "variante de metrô" e fez elogios ao serviço.

"Os ônibus parecem trens. São trens sob rodas. Percorrem uma via especial", explicou, frisando a "rapidez" com que o veículo trafega, sem enfrentar o trânsito. Acrescentou que o corredor expresso vai dar visibilidade ao Subúrbio do Rio, o que deve melhorar os bairros em volta.

Pela Transcarioca, vão circular sete linhas de BRT. A primeira começa a operar nesta segunda (2), no trecho Barra da Tijuca (Terminal Alvorada)-Tanque, em Jacarepaguá, com paradas em 19 estações. Inicialmente, o serviço funcionará apenas entre 10h e 15h – período entre os horários de pico.

A segunda linha, ligando o aeroporto do Galeão à Barra, entrará em operação na próxima quarta-feira (4). As linhas serão colocadas em funcionamento gradativamente, segundo o município, para que a população tenha tempo de se adaptar ao novo sistema.

A prefeitura, no entanto, afirmou que não há prazo final para que todas as linhas do BRT Transcarioca estejam circulando. Presente no evento, o prefeito Eduardo Paes disse que o município vai assinar contrato de R$ 3 bilhões com BNDES para fazer mais dois BRTs. "Vamos usar a Copa para mudar a vida dos cariocas", disse.

Pré-candidatos
Pré-candidata pelo PT à reeleição, Dilma enfatizou durante o evento a parceria do governo federal com a administração estadual e a prefeitura da cidade. Elogiou várias vezes o governador Luiz Fernando Pezão, também pré-candidato a reeleição pelo PMDB. "Na Rocinha, eu fui indicada pelo presidente Lula como mãe do PAC, e o presidente Lula, na mesma oportunidade, indicou o Pezão como pai do PAC no Rio de Janeiro. Eu quero dar uma salva de palmas também para o Pezão", afirmou a presidente.

A cerimônia ocorreu em ritmo de samba, com a presença de Monarco da Portela, Nelson Sargento e Dona Ivone Lara, entre outros sambistas. Demonstrando animação, Dilma bateu palma, acompanhou as canções e chegou a tocar tamborim com a bateria da escola de samba União da Ilha. Depois do discurso, deixou o palco enquanto a música ainda era executada.

Enquanto acontecia a solenidade, professores protestavam do lado de fora da estação estação do BRT Viaduto Silas de Oliveira, em Madureira, no Subúrbio. Docentes das redes municipal e estadual do Rio estão em greve desde o dia 12 de maio. Eles alegam que os governos não cumpriram o acordo firmado durante a greve de 2013, que durou 70 dias.

Casas populares
Depois da inauguração da Transcarioca, a presidente Dilma Roussef seguiu para o Conjunto de Favelas de Manguinhos, na Zona Norte da cidade, onde participou da cerimônia de entrega de 564 unidades habitacionais do programa "Minha Casa, Minha Vida".

Na solenidade, Dilma voltou a exaltar o programa habitacional, dizendo que ele trouxe “dignidade” para pessoas que antes viviam em lugares precários.

Antes de Dilma, a presidente da Associação de Moradores da Comunidade CCPL, Cândida Maria Privado, discursou emocionada, agradecendo a outros líderes comunitários e também operários que trabalharam na construção das casas.

Em momento de desabafo, Cândida disse que não adiantava cobrar verbas públicas do prefeito e do governador, mas sim da presidente. “A gente tem que cobrar ela, ela que é a mulher do dinheiro, gente. [...] Dilma, bota esse dinheiro para fora aí, tá bom?! Para a gente ter orgulho de dizer seu nome. Deixa os ricos um pouquinho, dá para os pobres que eles merecem”, afirmou.

No início de seu discurso, Dilma fez um cumprimento especial à líder comunitária. “Queria saudar especialmente a Cândida que lutou, correu atrás e, hoje, a realidade mudou bastante. As 'Cândidas do Brasil' estão de parabéns, que são elas que levam as coisas para frente”, disse a presidente.

O local também foi palco de protestos. Com faixas e carro de som, os manifestantes – a maioria servidores federais da Educação – também criticaram os gastos com a Copa. Na saída do evento, a comitiva da presidente passou em meio à manifestação.

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