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09/07/2014 - 17:29

Felipão e Parreira não admitem erros e se agarram à tese do apagão

Uol Copa

 A surreal entrevista coletiva concedida pela comissão técnica da seleção brasileira na tarde desta quarta-feira foi marcada principalmente pela insistência de Luiz Felipe Scolari e de Carlos Alberto Parreira em creditar a goleada de 7 a 1 sofrida diante da Alemanha a seis minutos de "apagão" em vez de possíveis erros cometidos durante um ano e meio de preparação. E para isso, tanto o treinador quanto o coordenador-técnico da equipe chegaram para o encontro munidos de retórica e muita "numeralha".

"Trabalhamos com otimismo. A estatística mostra que tivemos oito vitórias dois empates e uma derrota em 11 jogos oficiais. Tínhamos que desenvolver a confiança dos jogadores e também fizemos isso através dos resultados. Não foi um trabalho ruim, embora ficará para a história que perdemos de sete. Tivemos seis minutos de pane", disse Felipão.

Felipão pontuou frequentemente suas respostas com referências estatísticas para tentar passar seu argumento de que houve positivos na campanha brasileira – todas contidas em calhamaços de papel algumas vezes agitados pelo treinador. A mais óbvia foi o fato de que a ida às semifinais da Copa do Mundo de 2014 foi a primeira desde 2002, mas treinador também trouxe referências mais detalhistas e até supostos relatórios dos fisiologistas a serviço da CBF, ainda que neste caso apenas oferecendo a oportunidade de consulta.

"Temos dados e podemos mostrar para quem quiser ver. Mas o problema é que tem gente aí que trabalha na TV e no jornal mas quer saber mais que um fisiologista", reclamou o treinador.


Em quase 50 minutos de conversa, Felipão, que enfrentou um questionamento bem mais intenso que na sessão oficial da Fifa após a partida do Mineirão, abriu a defesa numérica afirmando que o primeiro gol dos alemães, marcado por Thomas Müller numa cobrança de escanteio, foi o primeiro sofrido pela seleção numa situação de bola parada nos 28 jogos da seleção sob seu comando. Parreira, que interveio em diversas respostas do colega, também usou o número de partidas para ressaltar que a goleada alemã marcou apenas a terceira vez sob comando da dupla que a seleção levou mais de dois gols – embora na realidade tenha sido a quarta.

Os números também vieram à tona quando Felipão foi perguntado sobre o argumento de que Bernard treinou pouco tempo no time titular e teria sofrido ao ser escalado desde o início contra a Alemanha. "Não me arrependo. Dos 28 jogos o Bernard jogou no mínimo em 12 ou 14. Estava conosco nuns 24. O Bernard sabia perfeitamente o que fazíamos", rebateu o treinador.

Felipão voltou a apostar na tese de que a seleção vinha em ascensão até encontrar a Alemanha. Citou as estatísticas da Fifa mostrando que o Brasil foi a equipe que mais chutou a gol até agora no Mundial e lembrou que na partida contra a Alemanha a seleção teve 18 contra 14, ainda que tenha ressaltado o maior aproveitamento dos alemães. Para rechaçar o argumento de que a seleção não treinou o suficiente durante o torneio, mais números. "De nossos 11 gols, seis foram de bola parada e acho que isso mostra que fizemos alguma coisa (nos treinamentos)".

No fim, já com a dupla de comandantes da seleção chamando o resultado de "tsunami", Felipão voltou novamente a justificar o fim do sonho com a fração de tempo. "Se eu pudesse responder com consciência (sobre os motivos da derrota) eu responderia, mas eu também não sei. Tivemos seis minutos de pesadelo".

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