O operário que morreu nesta quinta-feira (08) após sofrer uma descarga elétrica, na Arena Pantanal, não tinha curso de eletricista. A afirmação foi feita pelo amigo e também funcionário da Etel, Wellington Eduardo Barbosa, em entrevista ao
Olhar Copa. Ele também foi o primeiro a prestar os primeiros socorros.
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Wellington confirmou que Muhammad estava com luvas e que os funcionários da empresa as utilizam para outros tipos de serviço: “A gente usa para cortar alguns materiais e não machucar a mão. O trabalho que ele estava fazendo não tinha como fazer usando as luvas, ele precisava segurar os fios, o que é impossível de se fazer com elas”.
Segundo o amigo da vítima, Muhammad não tinha curso para fazer este tipo de serviço: “Ele só tinha dois cursos, um de rapel e outro que é o NR 30 (Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário)”. Para desempenhar as funções em que estava, o operário precisaria ter o NR 10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade).
“Ele estava na empresa há um ano e dois meses, começou como ajudante e atualmente estava trabalhando como Montador 1. Para ser eletricista precisaria ainda passar por mais duas etapas e ter o curso. O Muhammad não tinha adquirido experiência ainda com este tipo de serviço”, revela Wellington.
Um outro funcionário da empresa, que não quis se identificar, trabalha como eletricista para a Etel e afirmou que os perigos são constantes: “Nós tomamos choques todos os dias quando trabalhamos. O certo seria desligar a energia, mas não fazem isso. Tenho inclusive marcas de problemas que aconteceram por conta disso”, disse ele mostrando o dedo ferido (
veja na imagem abaixo).
Foto: Wesley Santiago - Olhar Copa
Segundo os funcionários os trabalhos no local estão acelerados, os prazos estão apertados e por conta disso tudo é feito as pressas: “É muito trabalho para pouca gente, como precisa entregar o estádio logo os eletricistas ficam apurados, cheios de serviço, ai os montadores acabam tendo de fazer o serviço deles”.
O enterro de Muhammad’Ali está marcado para ás 16 horas, no cemitério do Jardim Primavera, em Várzea Grande. O trabalhador morreu na manhã de quinta-feira (08), quando fazia a instalação de uma luminária. Ele acabou recebendo uma descarga elétrica muito alta, não resistiu e morreu no local.
A reportagem do Olhar Copa tentou entrar em contato com representantes da Etel, porém, ninguém foi localizado para falar sobre o assunto. Na noite de ontem, através de nota, a empresa se posicionou sobre o assunto dizendo que não houve irregularidades e que Muhammad’Ali estava “ apto para o exercício da função de eletricista, estava dando início a uma nova fase de sua carreira”.
Confira a nota:
Atualizada ás 17h10
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