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19/12/2013 - 14:40

Gols e protestos: Brasil x México em Fortaleza completa seis meses

Globo Esporte

 Era para ser apenas mais um jogo. Com o selo de uma Copa das Confederações da Fifa, é verdade, mas, apenas mais um jogo. No entanto, aquele Brasil 2 x 0 México do último dia 19 de junho (há exatos seis meses), em Fortaleza, significou muito mais que a classificação antecipada da equipe de Felipão para as semifinais do torneio e foi muito além do belo gol de Neymar logo aos nove minutos.

A começar por aquele ser o primeiro jogo de um evento Fifa em solo cearense. Preparação não faltou para o evento. A - agora - Arena Castelão estava pronta como uma adolescente debutante, à espera do 'grande dia' do baile. Cadeiras, gramado, conforto, padrão Fifa. Tudo estava um brinco para a grande festa. Mais de 57 mil torcedores pagaram para assistir ao espetáculo da Seleção Brasileira que começava a ganhar confiança rumo ao título que viria onze dias depois. Tudo dentro do esperado, certo?

Quase. Naquele dia, antes mesmo da bola rolar, as manifestações de junho que começavam a ganhar volume em todo o país também se fizeram presentes na capital cearense. Próxima ao estádio, a avenida Alberto Craveiro não tinha as catracas da Arena Castelão para contabilizar quantas pessoas estavam ocupando as ruas. 30, 50 ou 80 mil pessoas. Nunca se soube de maneira precisa.

Os conflitos não tardaram a começar. Manifestantes tentavam furar o bloqueio de policiais que respondiam com voracidade e avidez, como se em Gaza estivessem. Os torcedores que chegavam ao estádio munidos de ingressos passavam pelo local poucas horas antes do inicio do jogo. Alguns ficavam receosos, outros curiosos, outros tantos demonstrando apoio ao protesto ou achando tudo que estava acontecendo uma baderna.

Na caminhada de dois quilômetros entre a barreira de isolamento da Fifa e os portões do Castelão, o assunto até poderia ser os palpites do placar do jogo. Mas, sem dúvida, os protestos e os primeiros conflitos entre manifestantes e policiais tomaram conta das rodas de conversa.

O barulho das balas de borracha disparadas e o irritante odor das bombas de gás não chegaram até o Gigante da Boa Vista. Entretanto, os torcedores presentes não passaram incólumes ao que foi visto fora do estádio. Tudo o que foi presenciado horas antes e o clima de ebulição do país mexeu com os brios da torcida. Tal como Neymar ou Oscar, alguns driblaram a proibição de manifestações com cartazes dentro da Arena Castelão e expuseram suas frases de protesto em cartolinas para todo o planeta

O protocolo da Fifa em executar apenas um trecho do Hino Nacional foi solenemente ignorado e as vozes entoaram o coro, amplificado pela acústica apurada da nova arena. Pelos arrepiaram. Os onze vestidos de amarelo no gramado se contagiaram e foram com tudo para cima do sempre perigoso México. Neymar, como de costume, brilhou. Jô complementou o triunfo dentro de campo.

Nas arquibancadas, um misto de festa pela vitória e preocupação com os amigos, namorados, namoradas, familiares e conhecidos que preferiram apoiar o Brasil a alguns quilômetros dali. Será que ele está bem? Será que podemos ganhar da Itália? E da Espanha, hein? Será que ela se machucou?

As cenas de conflitos entre manifestantes e policiais perto da Arena Castelão se repetiram nos jogos seguintes daquela Copa das Confederações entre Espanha x Nigéria e Espanha x Itália, quatro e oito dias depois, respectivamente. Mesmo sem a Seleção Brasileira em Fortaleza naquela competição, a festa dentro do estádio também foi bonita.

363 dias após aquele 19 de junho, Brasil e México voltam a se enfrentar na Arena Castelão. Desta vez, pela Copa do Mundo. As cenas dentro de campo podem entrar para a história. As de fora também. O próximo encontro entre Seleção Brasileira e mexicana promete não ser apenas mais um jogo.

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