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11/07/2013 - 16:00

Manifestações durante a Copa das Confederações são debatidas no Rio

Portal 2014

A 11ª Festa Literária Internacional de Paraty – Flip – ocorrida de 3 a 7 de julho abriu espaço em suas mesas de discussões para debater também as manifestações e protestos realizados em todo o Brasil. Dessa forma, já com a programação literária previamente encaminhada, a curadoria do evento incluiu em sua grade de atrações três mesas extras. Em uma delas, denominada “Da arquibancada à passeata, espetáculo e utopia”, três pensadores foram escalados em encontro que lotou a tenda dos autores no último sábado.

O tema fala sobre como a realização da Copa das Confederações acabou sendo utilizada como alvo de manifestações populares. Com mediação do jornalista Mario Sergio Conti, o historiador britânico T.J. Clark foi o primeiro a falar e sugeriu aos brasileiros que continuem atentos ao que envolve a realização da Copa do Mundo, em 2014.

Segundo ele, somente o espetáculo gerado em torno do futebol já não é facilmente digerido pela população, que está cada vez mais insatisfeita com os trâmites obscuros de seus bastidores.

“Não é o culto ao futebol que está sendo questionado, ele é legítimo. Mas sim suas igrejas, suas catedrais cada vez mais suntuosas. O mundo está fascinado com a visão do povo se voltando contra isso tudo. É uma raiva que nem Pelé será capaz de espantar”, disse Clark.

O psicanalista Tales Ab’Saber valorizou o Movimento Passe Livre, ao lembrar que ele existe desde 2005, com 50 a 100 integrantes. E que recentemente, em apenas três dias de manifestações “esses meninos”, segundo ele, venceram a polícia, deixando a mostra o modelo fascista da polícia de São Paulo, que age de forma ilegal desde 1964.

“O Movimento Passe livre hoje se consolidou como uma massa esclarecida, consciente e iluminista, que trouxe a público algo que precisava muito ser dito. E esse assunto ainda está em aberto, uma vez que estamos aqui discutindo a respeito”, disse Ab’Saber.

O filósofo Vladimir Safatle ressaltou o fato de a política ser recolocada como pauta popular. Para ele, existe uma consciência cada vez mais clara em relação à crise profunda de representação política e da própria imprensa perante o povo. Ele destaca também que a política está permeada por interesses financeiros, pois, de acordo com uma de suas pesquisas, são gastos cerca de seis milhões para se eleger um deputado, sendo que 130 destes deputados são milionários.

“Não se trata apenas de reformar a política, mas de refundá-la. A retomada da consciência é clara, pois já temos mais de um mês de manifestações seguidas. É preciso uma luta geral e irrestrita contra a corrupção. O povo quer que os mensaleiros do PT sejam enforcados nas tripas dos mensaleiros do PSDB”, defendeu Safatle.

Por fim, T.J. Clark ratificou a importância da participação popular nas ruas. “Essa mobilização virtual, através de redes sociais, evidentemente tem importância. Mas mais ainda, e primordial, é a presença física do povo, de vozes e braços nas ruas”, completou o historiador britânico.

Com exceção dos jogos disputados no Recife, todos foram marcados pelas manifestações nas ruas próximas aos estádios. No total, foram 13 partidas, em Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador.

Nos protestos, que começaram logo na abertura da Copa das Confederações, no entorno do estádio Mané Garrincha, milhares de pessoas protestaram contra os gastos da Copa do Mundo. Em muitos casos, a Fifa foi duramente criticada e alguns ônibus da entidade foram apedrejados.

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