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05/07/2013 - 17:20

Protestos e Copa das Confederações fazem inflação recuar, diz IBGE

G1

O recuo na inflação oficial do país em junho, que desacelerou de 0,37% em maio para 0,26%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado nesta sexta-feira (5), teve forte influência das manifestações que tomaram as ruas do país em junho e também da Copa das Confederações, realizada este mês.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do setor de Índices de Preços do IBGE, as manifestações de rua fizeram o comércio fechar suas portas por muitos dias. Comerciantes tiveram de baixar preços para recuperar o prejuízo, de acordo com ela. Essa situação contribuiu para a queda acentuada na inflação dos alimentos, de 0,31% em maio para 0,04% em junho.

“Os protestos tiveram grande peso para a desaceleração de preços de junho. O comércio ficou fechado por muitos dias. E o clima da Copa, por si só, modifica hábitos de consumo, direcionando para determinados produtos como cervejas, alimentação fora de casa. Junho foi um mês atípico”, disse.

Os alimentos, ressalta Eulina, já vinham com tendência de queda pela redução do consumo, apontada em pesquisas sobre o desempenho do comércio e explicada pelo comprometimento da renda das famílias, e também pela entrada no mercado de uma safra prevista para ser 15% maior que a de 2012.

Mesmo assim, houve altas importantes em alguns alimentos como leite e derivados. O leite longa subiu de 3,9% em maio para 4,6% em junho por causa da entressafra.

“Há ainda outros fatores. A Nova Zelândia, que é um grande produtor de leite, teve sua produção prejudicada por problemas de clima e o leite valorizou muito no mercado internacional. E a China está importando muito leite por causa de episódios de contaminação de seu produto local”, disse.

Fora dos alimentos, também ajudaram no recuo do IPCA o grupo de saúde e cuidados pessoais, que passou de 0,94% em maio para 0,36% em junho. Esta queda ocorreu, segundo explica a coordenadora, porque terminou a influência do reajuste de preços dos medicamentos em abril.

A queda expressiva na variação do etanol (-1,97% em maio e -5,33% em junho), resultado do fato de a cana-de-açúcar estar em plena colheita, teve efeito sobre a gasolina (-0,52% em maio e -0,93% em junho), uma vez que o combustível tem 25% de etanol em sua composição.

O aumento dos ônibus, que não chegou a vigorar o mês de junho todo, uma vez que muitas cidades revogaram o reajuste após protestos e manifestações, teve forte impacto no recuo do IPCA, segundo Eulina. Se tivessem vigorado o mês todo, o IPCA seria mais alto. No Rio de Janeiro, o reajuste de 7,20% vigorou de 1 a 20 de junho; em São Paulo, o reajuste de 6,75% durou de 2 a 20 de junho; e em Goiânia, o aumento de 11% foi de 22 de maio a 13 de junho.

Com a suspensão do aumento dos ônibus, o IPCA de julho do segmento terá redução de 5% no Rio, 4,5% em São Paulo, 5% em Goiânia, e 3% em Recife e Curitiba, calculou a coordenadora do IBGE. O IPCA de julho das passagens de trem deverá ter recuo de 5% no Rio e de 4,5% em São Paulo; para o metrô, o cálculo é de 6,5% no Rio e de 4,5% em São Paulo.

“O setor de transportes vai ter pressão menor em julho por conta da revogação dos aumentos”, disse ela.

INPC

Também foi divulgado, nesta sexta, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que variou 0,28% em junho, abaixo do resultado de 0,35% de maio. Com isto, a variação no ano foi de 3,3% e, em 12 meses, de 6,97%. Em junho de 2012, o INPC havia ficado em 0,26%.

Os alimentos apresentaram variação de -0,10% em junho, enquanto os não alimentícios aumentaram 0,44%. Em maio, os resultados ficaram em 0,27% e 0,38%, respectivamente.

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