O ex-líder servio-bósnio Radovan Karadzic disse nesta quinta-feira, perante o TPII (Tribunal Internacional para a antiga Iugoslávia), que a contagem de 8.000 mortos durante a ofensiva servio-bósnia em Srebrenica, na Bósnia, em 2005, é um "exagero". O massacre é um dos maiores ocorridos desde a Segunda Guerra.
Durante uma audiência preparatória para seu julgamento, Karadzic disse que, para provar que a contagem é "errônea", irá pedir exames de DNA de ao menos uma parte dos 8.000 cadáveres encontrados. Com o anúncio, ele deixou transparecer a que possivelmente será uma das linhas básicas de sua defesa: colocar em dúvida as dimensões do crime.
Karadzic quer que a promotoria dê amostras de DNA usadas por seus especialistas para que sua defesa possa fazer a própria apuração. O acusado sugeriu que "existe a possibilidade de que um DNA tenha sido atribuído a três pessoas diferentes". "Estamos convencidos de que há exagero", disse o ex-líder sérvio-bósnio.
Para começar, Karadzic quer pedir 300 amostras de DNA de vítimas de Srebrenica. Porém, ele não descartou pedir "todo o material, se for necessário para esclarecer a verdade". Para Karadzic, muitas das vítimas contabilizadas como vítimas em Srebrenica podem ter morrido "em combate ou na floresta". "Não temos nada claro, tudo tem que ser estabelecido, e isso é importante para a Sérvia, a comunidade muçulmana e a Europa."
Tribunais como o próprio TPII ou a Corte Internacional de Justiça (CIJ) estabeleceram em sentenças anteriores que aconteceu um genocídio em Srebrenica.
Juízes
Os juízes afirmaram que Karadzic e sua equipe de defesa têm direito de questionar qualquer afirmação da promotoria, "para que haja um julgamento justo". Por isso, pediram uma reunião para investigar as possibilidades do acusado de obter esse material e poder, assim, elaborar sua defesa adequadamente.
Os magistrados ainda pediram à promotoria que revise as suas acusações contra o ex-líder servio-bósnio com o intuito de acelerar o processo. Como exemplo, pediram que considerem a possibilidade de reduzir o número de testemunhas e chamar somente aquelas que sejam estritamente necessárias.
Quase um ano depois da detenção de Karadzic, o TPII ainda não conseguiu fixar a data de início do julgamento, cuja fase preparatória está demorando mais do que o previsto.
Perguntado por sua opinião a respeito da simplificação da acusação, Karadzic ironizou e disse que "o melhor seria que fosse retirada".
Karadzic enfrenta 11 acusações de crimes de guerra e contra a humanidade, incluindo dois genocídios, cometidos na Guerra da Bósnia (1992-1995), quando ele liderou a República da Sérvia. Karadzic ficou 13 anos foragido antes de ser preso, em julho de 2008, em Belgrado. Ele diz que tinha um acordo com os EUA de receber absolvição em troca do sumiço.
