Com uma bagagem de muitos anos de articulação, nasce o Partido da Cultura, PCult, um movimento suprapartidário cujo objetivo - simploriamente resumido - é ampliar o debate sobre as demandas culturais, criando um elo produtivo entre a Cultura, a classe política e a sociedade em geral.
O movimento já se organiza em 25 estados, inclusive em Cuiabá, onde foi gerado o embrião do PCult. Na última terça-feira (20) 50 pessoas, entre gestores culturais, produtores, jornalistas, conselheiros culturais e outros envolvidos se reuniram na capital mato-grossense para dar forma ao movimento.
Em entrevista ao
Olhar Direto, Pablo Capilé, um dos articuladores da ação, faz um resgate histórico do setor nas últimas décadas e pontua que há quase duas décadas a classe cultural vem experimentando ações para construir um ambiente adequado.
Nos últimos anos, algumas vitórias já foram alcançadas, como, por exemplo, uma menor centralização dos recursos culturais no eixo Rio-São Paulo. Segundo Capilé, agora é chegado o momento de criar um entendimento da importância da atuação política no setor cultural.
O jornalista e escritor Alex Antunes, em texto publicado no blog do Partido da Cultura, fez uma boa relação entre os setores: “Pois toda a cultura é ‘política’, no sentido de que é a visão que um povo tem e constantemente reelabora de si mesmo; o começo e o fim do processo da identidade psicossocial. E toda a política também é ‘cultura’, no sentido de que são os atores sociais, ao encenar os anseios do país, que rascunham o roteiro do nosso destino”.
Tendo esse entendimento na base, o Pcult quer levar o diálogo cultural às mais altas instâncias de poder, mostrando que a cultura é tão importante quando a saúde, a educação e outros. Da mesma forma, criar essa consciência na sociedade, que, afinal, é quem vota e é quem cobra os eleitos – ou deveria.
Linha Dura, outro importante articulador cultural em Mato Grosso e que também está no início da formação do PCult, acrescenta que o diferencial do movimento é a falta de conflito de interesses, já que a discussão traz benefícios a todos os envolvidos. “Nós estamos criando forças. Todos querem melhorias no setor cultural”, comenta.
As eleições 2010
Pablo Capilé também explica a importância de o PCult engajar um novo posicionamento agora, quando se aproximam as eleições. Inicialmente, o foco do movimento será envolver e sensibilizar os candidatos sobre as demandas do setor, o que pode deixar os próximos deputados, senadores e governadores mais perto das reais necessidades da cultura. “Cultura não é só arte. É comportamento, identidade”, comenta Capilé.
Discutindo as demandas, os candidatos podem trabalhar de maneira mais eficiente as propostas e plano de governo para a área. É produtivo para os todos os lados.
Na reunião realizada na última terça, candidatos a deputado estadual e representantes dos candidatos ao governo estadual Mauro Mendes (PSB) e Wilson Santos (PSDB) já estiveram presentes.
Dado o pontapé, serão realizadas assembléias gerais toda semana, às terças-feiras, até que as eleições sejam realizadas.
Na próxima terça (27) será fechada uma carta de propostas para ser apresentada aos candidatos. Todos os que concorrem ao governo estadual terão a oportunidade de, em uma reunião, apresentar suas propostas para setor cultural. Mauro Mendes (PSB) e Wilson Santos (PSDB) já confirmam presença.
Os candidatos ao Senado também terão o mesmo espaço, e já confirmaram interesse em participar: Blairo Maggi (PR), Antero Paes de Barros (PSDB), Pedro Taques (PDT), Carlos Abicalil (PT) e Procurador Mauro (PSOL).
A todos, serão apresentadas as principais demandas culturais, uma lista que, segundo frisa Capilé, não é constituída por itens discutidos agora, mas que são resultado de muito diálogo nos últimos anos, nos conselhos municipais, estaduais e federal de cultura.
Entre as reivindicações está a fixação de um percentual a ser aplicado no setor, planejamento de metas e recursos na Lei Orçamentária Anual (LOA), o comprometimento em nomear pessoas qualificadas para comandar as pastas da cultura, entre muitas outras.
Difusão
Quem quiser saber mais sobre o Partido da Cultura em pode acompanhar as ações pelo Twitter regional
@Pcult_MT, ou ainda pelo blog do movimento,
clicando aqui. A reunião realizada na terça-feira foi transmitida ao vivo pela Twitcam e, em breve, será lançado um Podcast com os conteúdos de vídeo e áudio registrados nas assembleias.