Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta terça-feira (26) pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Administração Pública (Defaz), nas investigações do superfaturamento de R$ 44 milhões detectado na aquisição de máquinas.
Os mandados foram expedidos pelo juiz da 15º Vara Especializada do Crime Organizado, José Arimateia Neves Costa, responsável pelo inquérito.
A ação corre sob sigilo, porém as informações dão conta de que seis mandados foram cumpridos em residências de Cuiabá, um em Goiânia (GO) e dois em Belém (PA), sendo todos de pessoas investigadas no inquérito policial. Documentos e equipamentos teriam sido recolhidos pelos policiais.
Conforme a Polícia Civil, a investigação sobre a aquisição de 705 máquinas e caminhões pelo Governo por meio do programa "MT 100% Equipado" deverá ser concluída nos próximos dias e as informações repassadas à sociedade.
Os maquinários foram distribuidos pelos 141 municípios e a Auditoria-Geral do Estado (AGE) foi quem apontou no relatório final o sobrepreço de R$ 44,4 milhões, o montante equivale a 22% pagos a mais.
As investigações chegaram a ser suspensas pelo do juiz José Arimatéia, logo, as perícias que eram realizadas nos municípios mato-grossenses também ‘pararam’. Após decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, que expediu liminar, afirmando não haver conflito de competência das justiças estadual e federal para apurar o crime, Arimatéia deliberou pela continuidade das apurações.
A delegada explica que técnicos ainda continuam a percorrer o Estado para as perícias nas máquinas restando ainda 37 dos 141 municípios a serem visitados.
O suposto superfaturamento também serviu como arma eleitoral durante a campanha ao governo, sendo usada por adversários que tentaram evitar a reeleição de Silval Barbosa (PMDB).
O candidato derrotado Wilson Santos (PSDB) ingressou com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) pedindo a instauração de investigação judicial eleitoral no caso do superfaturamento.
Além disso, o vazamento do depoimento de um empresário, que integra a lista de pessoas que venderam as máquinas para o Governo, dois dias antes das eleições (3 de outubro), também provocou uma verdadeira guerra nos bastidores da política.
O
Olhar Direto publicou com exclusividade o documento. Porém, o juiz José Arimateia notificou todos os veiculos de comunicação da capital para que retirassem a publicação referente aos trechos do depoimento.
O empresário confirmou um esquema envolvendo as empresas que participaram do certame licitatório e a cobrança de uma comissão, que partiu do ex-secretário de Infraestrutra, Vilceu Marchetti, e que supostamente seria para a campanha do ex-governador Blairo Maggi (PR), que foi eleito senador.