O vice-prefeito de Várzea Grande, Tião da Zaell, está de mala pronta para trocar o PR pelo PMDB para ser, em 2012, candidato a prefeito da cidade. O acordo foi costurado durante o processo eleitoral deste ano entre o próprio Zaelli e o presidente regional do PMDB, Carlos Bezerra, deputado federal reeleito. O intermediário desse entendimento foi o agente fiscal, Jamim Baracat, tio do ex-deputado e chefe de gabinete do governador, Nico Baracat, pretenso candidato a sucessão municipal e uma da lideranças peemedebista no município.
O acordo Zaelli e Bezerra surpreendeu a classe política de Várzea Grande, mesmo porque o vice-prefeito era coordenador da campanha a reeleição do deputado federal Homero Pereira (PR). "Ele nos traiu sem avisar. Quando percebemos, o Zaelli já havia trocado Homero pelo Bezerra", informou um vereador republicano. Em razão desse entendimento, o presidente do PMDB já comunicou ao deputado estadual Wallace Guimarães, que conseguiu a reeleição, não terá a legenda para disputar a sucessão do prefeito Murilo Domingos (PR).
O parlamentar vai ter que adiar, novamente, o sonho de comandar a cidade industrial. Em 2008, Wallace Guimarães teve a sua pretensão frustrada, em razão do DEM ter lançado a candidatura do ex-governador Julio Campos (DEM), deputado federal eleito, como impôs o cacique, o senador Jaime Campos, principal liderança do partido em Mato Grosso. Dessa formA, ele trocou o DEM pelo PMDB com anuência dos democratas.
Agora, o deputado lançou a sua esposa Jaqueline Guimarães candidata a deputada federal, ousando desafiar o cacique peemedebista. Carlos Bezerra não esperou nem esfriar o resultado das eleições de 3 de outubro passado e mandou uma ducha de água fria na pretensão de Wallace Guimarâes em concorrer a Prefeitura de Várzea Grande. Dessa vez, o parlamentar vai ter que engolir seco, sem poder espernear como fez em 2008.
A princípio, Tião da Zaelli deu um golpe de mestre, ao fazer o acordo com Carlos Bezerra. Ele tira, de uma tacada só, Wallace e Nico Baracat, dois possíveis adversários. Além disso, ele deixa o PR sem opção, uma vez que o partido não tem, em tese, um outro nome para lançar a sucessão de Murilo Domingos. O vice-prefeito diz, em conversas reservadas, que somente no PMDB teria condições de enfrentar o senador Jaime Campos, que já administrou a cidade por três vezes. E, se por ventura, o democrata não disputar novamente a prefeitura, ele poderá ganhar por WO. Sem engolir essa estória de traição de Zaelli e o PMDB, setores do PR se preparam para lançar a candidatura do presidente da Câmara Municipal, Wanderley Cerqueira.
Uma "briga" de David e Golias. "Pode escrever, ele não vai ganhar por WO", diz o vereador. A suspeita da base de sustentação na Câmara Muncipal é que Zaelli patrocina os ex-colaboradores de Murilo Domingos a pedir, no legislativo, a cassação do prefeito. Na próxima semana, outro pedido deverá ser analisado. Uma novela da sucessão de 2012 já começa a ser escrita em Várzea Grande com tinta da traição, jogo sujo de bastidores e puxada de tapete.
