O governo do Estado instalou um comitê de crise para monitorar a situação de iminente conflito violento pelas terras remanescentes de Suiá Missú, usadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) na demarcação da Terra Indígena de Maraiwatsede. A intenção é prevenir um derramamento de sangue.
De um lado, xavantes reivindicam a reserva e cobram do governo federal cumprimento da decisão judicial que determina a devida desintrusão de todos os não-índios. Do outro, posseiros e dissidentes xavantes protestam contra a medida e defendem que aquela não é a área original de ocupação dos índios.
Na noite de sábado, cerca de 300 posseiros e 150 índios contrários a Maraiwatsede bloquearam trecho da BR-158 em protesto contra a decisão judicial. Até o momento não houve qualquer conflito, mas o clima no local é de tensão.
De acordo com o secretário de Estado de Segurança Pública, Diógenes Curado, por enquanto o governo apenas acompanha a situação por meio do comitê instalado. Paralelamente, o comandante regional do Araguaia, coronel Araújo, monitora a ocorrência de qualquer problema de ordem no local.
Até o momento, não houve qualquer situação de conflito ou violência, mas a Polícia Militar dispõe de pelo menos 120 homens para deslocamento imediato caso necessite.
De qualquer modo, o coronel informou que a ocorrência de qualquer crime deve motivar o acionamento do comandante-geral, que, por sua vez, deve lançar mão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) – uma vez que o caso envolve multidões.
Enquanto isso, a Polícia Federal também mantém uma equipe a postos (qualquer assunto envolvendo indígenas é de atribuição federal). A reportagem não conseguiu contato com a assessoria de imprensa da superintendência em Mato Grosso para obter mais detalhes.
PRF
Já a Polícia Rodoviária Federal enviou um inspetor na manhã desta segunda-feira (25) para verificar a situação das rodovias BR-158 e BR-080. O inspetor Eloi Grison informou à reportagem que está praticamente tudo bloqueado na região.
Além da vala de quase 1,5 metro aberta com trator para cortar a BR-158 na região do Posto da Mata, os posseiros incendiaram pontes de madeira na BR-080 e na rodovia estadual MT-433 (que permite ligação com os municípios de Alô Brasil, Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada, Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia).
Pelo menos não foi verificado qualquer episódio de violência, segundo o inspetor, que relatou ter avistado cerca de 500 pessoas reunidas na região de Posto da Mata, entre índios, posseiros, homens, mulheres e crianças. Não foi constatado consumo de bebida alcoólica nem porte de armas por parte dos presentes.
A situação, entretanto, pode ficar mais tensa. Tanto que os caminhoneiros, ao chegar na região, estão dando meia volta porque sabem tratar-se de uma pendenga que não deve se resolver tão em breve.
Os posseiros relataram ao policial rodoviário que pleiteiam uma reunião com o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com o ministro da Justiça, com o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil e com o desembargador Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que suspendeu a liminar outrora responsável pela manutenção dos posseiros em Maraiwatsede.
A intenção dos manifestantes é que o desembargador autorize a confecção de um novo laudo antropológico para averiguar ou refutar a existência de resquícios de ocupação tradicional xavante na área em litígio.
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