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Começa a desintrusão

Polícia Rodoviária Federal prepara terreno para despejo em Suiá Missú e evita entrada de armas em reserva

10 Dez 2012 - 13:02

Da Reportagem local - Lucas Bólico e Renê Dióz - enviados especiais a Estrela do Araguaia

Foto: José Medeiros / Fotos da Terra

Polícia Rodoviária Federal prepara terreno para despejo em Suiá Missú e evita entrada de armas em reserva
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) iniciaram na manhã desta segunda-feira os preparativos para a retirada das famílias ocupantes da terra xavante de Maraiwatsede, demarcada na década de 90 sobre a área da antiga fazenda Suiá Missú.


Após um fim de semana tenso, com constantes sobrevôos de helicópteros e boataria correndo no distrito de Estrela do Araguaia (Posto da Mata) sobre a chegada das forças policiais, o primeiro contato entre os ocupantes e as autoridades na ação de sua retirada foi ao fim desta manhã, com a chegada de quatro viaturas da PRF com agentes oriundos de todo o país.

Os agentes entraram na área de Suiá Missú por meio da rodovia MT-242 (prestes a ser federalizada), após obter acesso pela MT-080, um dos dois caminhos ao distrito sem bloqueio promovido pelos ocupantes (as ligações entre Posto da Mata e Alô Brasil e Alto Boa Vista seguem trancadas).

A cerca de 15 quilômetros de Posto da Mata, os agentes estacionaram duas das viaturas perto de uma ponte de madeira encontrada chamuscada na manhã desta segunda-feira. A suspeita deles era de que os moradores de Suiá Missú tentaram incendiar a ponte, mas os líderes da associação local de produtores negam: informam que algum caminhoneiro tentou destruir a estrutura e que eles mesmos estão tentando recuperar.


Fotos: José Medeiros / Fotos da Terra

Primeiro contato

Segundo os policiais, o trabalho na região é apenas de ‘controlar e fiscalizar o fluxo de pessoas’, revistando-as e evitando a entrada de armamentos ou episódios como a tentativa de destruição da ponte. Somente caso sejam convocados eles auxiliarão no trabalho de desocupação das terras propriamente dito.

Além disso, os policiais afirmam que a desintrusão será conduzida por etapas, mas os primeiros moradores a sofrerem abordagem da PRF, mesmo que com o objetivo de fiscalizar as vias na região, reclamam de truculência.

“Moço, não sou bandido não!”, exclamou o fazendeiro Edivaldo P. Fedel, de 42 anos, que trafegava pela MT-242 com sua esposa num carro de passeio quando foi surpreendido pelos agentes; foi obrigado a levantar as mãos para o alto e revistado com armas apontadas.

Minutos após, na frente da imprensa, o fazendeiro reclamou da ação e a resposta que obteve foi de que tratava-se de um procedimento padrão. À reportagem, um dos policiais admitiu: “Ninguém que está nesta operação quer estar. Todo mundo sabe que é tenso”.

Ao saber da chegada dos agentes, por meio de um boato segundo o qual eles estariam sendo seguidos por 15 viaturas da Força Nacional de Segurança, líderes da resistência de Posto da Mata foram ao encontro dos policiais pedir mais prazo para a retirada e alertar sobre os ânimos exaltados da população prestes a perder suas terras.



“A natureza do povo hoje, o psicológico ali, a gente não sabe mais a natureza de ninguém”, advertiu aos policiais a pastora Irene Maria Rocha dos Santos, vereadora e vice-prefeita eleita em Alto Boa Vista, uma das líderes da resistência.

Quem não passou a madrugada em claro de domingo para segunda-feira, acordou ao som das hélices do helicóptero que sobrevoou o distrito ao raiar do dia. A expectativa é de que a qualquer momento comece a desintrusão. A tendência, segundo as autoridades da região, é que o despejo comece pelos maiores produtores do local, o que enfraqueceria aos poucos a obstinação dos que prometem lutar pela terra.
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