O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, afirmou nesta segunda-feira que o Brasil tem uma "boa classe política" e que ela está dando lições de "sabedoria". A declaração foi dada num questionamento sobre os atos secretos do Senado --expediente usado pelos parlamentares para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários de servidores.

Os atos são secretos porque seus autores não os divulgaram na intranet do Senado. Uma comissão interna examina os atos de 1995 até março deste ano.

"Nós temos no Brasil uma boa classe política que vem sabendo superar os desafios", afirmou Mendes ao visitar a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. "Estou certo de que o Senado Federal saberá superar bem essa crise administrativa."

De acordo com o ministro, os políticos brasileiros vêm dando "lições de sabedoria". "Estou muito confiante de que os políticos brasileiros, que tem dado lições cabais de sabedoria, saberão também superar essa crise", disse.

Mendes disse ainda que não acredita em uma intervenção por parte da Polícia Federal, que pediu ao Senado a apresentação de papéis para prestação de contas. "Certamente não haverá nenhuma necessidade de intervenção, de investigação de polícia ou do Ministério Público. Acho que o tema vai ser esclarecido."

OAB

Hoje, o presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, pediu a responsabilização política dos senadores que tomaram conhecimento dos atos secretos, mas permaneceram omissos. "Essa responsabilização pode envolver, inclusive, a hipótese da perda de mandato", afirmou ele.

Britto pediu investigação e punição por parte do Ministério Público e do TCU (Tribunal de Contas da União). "Se as investigações concluírem que determinado senador sabia que tal ato secreto estava produzindo efeito, o senador tem que ser responsabilizado [...] tudo tem que ser devidamente investigado."