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Domingo, 28 de abril de 2024

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CRISE NO SENADO

Sarney apela à base aliada para ficar no cargo

Desgastado com a crise moral e política envolvendo o Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), buscou apoio ontem junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à base governista para manter-se no cargo. Ao tentar explicar o envolvimento de seu neto José Adriano Cordeiro Sarney em esquema para agenciar crédito consignado para funcionários do Senado, Sarney associou as denúncias contra ele à "posição política, nunca ocultada, de apoio ao presidente Lula e seu governo" e disse ser vítima de uma "campanha midiática".


O aceno ao governo federal foi claro e o presidente do Senado tenta explorar a manutenção da aliança do PT com o PMDB para 2010, junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para enfrentar os problemas no Legislativo. Sarney está preocupado com seu enfraquecimento político na Casa, ao perder apoio nos partidos, e com o aumento da pressão para que se licencie do cargo. Lula já se pronunciou duas vezes a favor do presidente do Senado mas, na reunião de coordenação política desta semana, ficou claro que não mais se envolveria com a crise. Ontem, comentou apenas que o pemedebista está tomando as providências necessárias. "O Sarney foi eleito, tem o compromisso de fazer a apuração, e me disse que está apurando. Espero que haja apuração, só isto", afirmou Lula, de maneira protocolar.

O presidente teme riscos para a instituição: "O que não podemos é transformar uma crise do Senado em uma crise institucional. Os senadores têm maioridade, sabem o que acontece, que tomem a decisão e resolvam isto", completou Lula.

O presidente Lula, assim como Sarney, reclamou do destaque dado pela imprensa às denúncias. "Tem uma, duas, três denúncias que estão em fase de apuração. Apurem-se e tomem as providências. O que não pode é um país que tem tantas coisas importantes para discutir ficar um mês inteiro tratando de coisas menores", disse Lula.

A nova denúncia envolvendo o neto de Sarney, entretanto, gerou forte preocupação entre os aliados do presidente do Senado, que temem desgaste ainda maior do pemedebista. Sarney já fez três discursos na tribuna da Casa em menos de uma semana para defender-se de acusações, mas ontem, depois da divulgação de que José Adriano Cordeiro Sarney é sócio de empresa que tem acordo com quatro bancos para intermediar empréstimo consignado para funcionários do Senado, o pemedebista evitou se pronunciar. Por meio de nota à imprensa, o presidente do Senado disse ser alvo de campanha dos meios de comunicação e recorreu à biografia de seu neto, para minimizar a denúncia publicada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Segundo Sarney, ele é uma pessoa "extremamente qualificada, com "mestrado na Sorbonne e pós-graduação em Harvard", o que é suficiente, segundo Sarney, para que os esclarecimentos prestados por ele sejam suficientes. Seu neto, também em nota, citou sua formação acadêmica, o trabalho que vinha fazendo na área de intermediação de crédito desde 1995, e disse considerar "as insinuações descabidas". "Nunca tive qualquer favorecimento, sou profissional qualificado, cuidando da minha vida", declarou.

O HSBC informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que o atual convênio para a concessão de empréstimos consignados a funcionários do Senado Federal foi firmado em 7 de maio de 2005.

Por meio de nota, o HSBC informou que tinha até dezembro de 2008 seis correspondentes bancários credenciados para atuar na captação de empréstimos consignados em todos os convênios com instituições públicas no Distrito Federal. A empresa de Sarney Neto, a Sarcris, foi registrada para operar no Senado em nome do HSBC em 2007 e entre o fim de 2008 e fevereiro de 2009 o banco desativou as seis parcerias. Segundo a nota, José Adriano Cordeiro Sarney foi seu funcionário de novembro de 2005 a março de 2007, quando pediu desligamento. O volume de empréstimos consignados intermediados pela Sarcris, de setembro de 2007 até dezembro de 2008 foi de R$ 3, 6 milhões. As comissões pagas pelo HSBC à Sarcris por essas operações somaram R$ 181 mil.

O caso envolvendo outro integrante da família de Sarney foi explorado por senadores contrários à gestão do pemedebista. "Ele deve se afastar para o bem dele, de sua família e do Senado", declarou Simon. Além do caso do neto, Sarney desgastou-se com a descoberta da nomeação de parentes seus por meio de atos secretos e com o pagamento de um mordomo de sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, com recursos do Senado. "É melhor ele sair agora do que ser obrigado a sair", disse Pedro Simon.

O P-SOL deve ingressar com uma representação contra Sarney junto ao Conselho de Ética. Também deve ingressar com representações contra os ex-presidentes da Casa Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL), já que atos secretos também foram assinados em suas gestões. O problema é que o Conselho de Ética ainda não está formado, pois nem todas as indicações partidária foram feitas.

Os senadores do PSDB e do PT, que votaram em Tião Viana (PT-AC) na disputa pela presidência da Casa, no começo do ano, são comedidos ao falar sobre o afastamento de Sarney da presidência da Casa. "Não tenho o direito de pedir para que se afaste do cargo. Mas peço para que tomem medidas convincentes", disse Álvaro Dias (PSDB-PR). Mas sugerem que o pemedebista não seja o responsável pela investigação das denúncias contra ex-diretores Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi, ligados a Sarney. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), pediu para que o pemedebista deixe a condução das investigações com o primeiro vice-presidente, Marconi Perillo (PSDB-GO). Eduardo Suplicy (PT-SP) reforçou a sugestão, assim como Demóstenes Torres (DEM-GO). O ex-diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, responsável pela assinatura dos atos secretos, pediu ontem afastamento por três meses e negou ter chantageado senadores.
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