Meio-dia em meados de junho, com a temperatura em quase 30 graus Celsius, pessoas usando shorts, óculos escuros e filtro solar deslizavam ao redor da nova pista de patinação ao ar livre tamanho família – produzida com gelo falso. “O que você acha?”, perguntou Scott Balcarczyk a seu filho de 3 anos, Evan, no momento vestindo os patins e o capacete que havia ganhado de aniversário. “Parece gelo de verdade?”
Sim, a certa distância. De perto, os painéis plásticos parecem encaixados como peças de um quebra-cabeça. A sensação? No segundo dia da pista, patinadores davam respostas divididas.
Sydney Ives, de 8 anos, vinda de Maryland para visitar seus avós, disse que era “incrível” ter patinação ao ar livre na época do calor, mas decepcionante, pois “é difícil mexer o pé” e “não é escorregadio, então não dá pra ir muito rápido”. Ela e seu irmão Brennan preferiram escorregar na neve falsa, outra atração do Snow Park Niagara Falls, onde o rinque é localizado. Porém, Balcarczyk, de 29 anos, disse, “Pra mim, é como o gelo. Eu não esperava que fosse realístico”.
Esta é a última novidade da jornada dos patinadores em busca de gelo ao ar livre o ano todo, em parte para ajudar os patinadores e jogadores de hóquei que pagam caro para usar o limitado número de rinques indoor, alguns dos quais fecham no verão.
Multiplicação
Rinques sintéticos foram inaugurados no Museu de História Natural em Nova York, que manteve um no ano passado, e em municípios como Great Bend, no Kansas, e Tallahassee, na Flórida. A Universidade Brock, em Ontário, treina jovens jogadores de hóquei numa esteira de gelo falso. Já em Middletown, Delaware, um rinque permanente chamado Skate Unlimited também é feito de plástico, eliminando a despesa e o custo ambiental da fabricação de gelo.
“Como estamos num local de temperatura ambiente, a experiência é mais estimulante e confortável para patinadores iniciantes”, disse Carla Briccotto, proprietária do Skate Unlimited. “Não há necessidade de se encapotar e usar capacete, então eles aprendem mais rápido. Quando caem, honestamente não dói nada. Quando você para de mover seu pé você para de se mover, então eles não têm aquela sensação de escorregar."
Muitos rinques são produzidos pela Super-Glide, cujo presidente, Perry Boskus, um ex-patinador profissional, disse que tentativas anteriores relativas a gelo falso envolveram polir plástico com silicone – obtendo resultado viscoso e incapaz de penetrar na superfície, de forma que os patinadores acabavam encontrando um plástico seco e paravam de deslizar. Ele contou que seus rinques, disponíveis em grandes tamanhos, usam um polímero plástico injetado com óleos, liberados “quando a lâmina se aquece e derrete a camada superior do polímero”.
Ninguém alega que o produto replica o gelo com exatidão. “Parece mais com uma tábua de cortar”, disse Briccotto. “É um pouco lenta. Existe resistência. Na verdade, você precisa empurrar e se impulsionar com mais força”. Enquanto isso dá à superfície um “estigma entre patinadores competitivos”, segundo ela, é bom para treinar porque os iniciantes se tornam “mais fortes num ritmo mais rápido”. No gelo, os patinadores podem salvar curvas ligeiramente desequilibradas, disse Boskus. Entretanto, aqui, “tudo precisa ser feito com maior precisão”.
Jennifer Pauly, porta-voz do Snow Park, apontou outras diferenças. A superfície desgasta mais rapidamente as lâminas dos patins, exigindo uma afiação constante, algo que o parque oferece gratuitamente. Seguranças do rinque abordam patinadores que parecem estar escorregando após 30 minutos, aconselhando-os a afiar novamente seus patins. Além disso, o gelo falso pode esquentar até 50 graus, conta Pauly. Para resfriamento, o Snow Park borrifa sua neve falsa nos pontos quentes do rinque.
Segundo ela, a pista deve se tornar mais escorregadia conforme mais pessoas patinam sobre ela. “É preciso que haja muita gente patinando para que os óleos sejam espalhados”, disse. “Não é gelo, evidentemente."
