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Sábado, 18 de maio de 2024

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Rivais de Honduras só concordam em manter diálogo; Chávez ameaça

As delegações dos presidentes eleito e interino de Honduras, que discutem na Costa Rica, pelo segundo dia consecutivo, concordaram nesta sexta-feira apenas em manter a negociação em busca de uma solução para a crise criada pelo golpe de Estado de 28 de junho.


O mediador das conversas, o presidente da Costa Rica, Óscar Arias, fez o anúncio depois de comandar as primeiras discussões entre representantes do presidente deposto, Manuel Zelaya, e do homem colocado em seu lugar pelo golpe de 28 de junho, Roberto Micheletti.

"Ambos os lados concordaram em continuar as conversas no menor período de tempo possível e não descansar até que um acordo seja alcançado para resolver essa crise", disse Arias aos repórteres em San José, capital da Costa Rica, acrescentando que a data da próxima reunião será marcada nos próximos dias.

Arias ganhou o prêmio Nobel da Paz por ajudar a resolver conflitos da Guerra Fria na América Central nos anos 1980.

Zelaya e Micheletti não se encontraram pessoalmente nas conversações para mediação da crise. Eles deixaram em seu lugar delegados para tentar fazer o diálogo avançar.

Zelaya fez uma tentativa malsucedida de voltar a Honduras no domingo, com o apoio de Chávez, e tem sido aconselhado pelos EUA a negociar em vez de tentar forçar novamente seu retorno. Ele diz que está se empenhando em "métodos pacíficos, não-violentos" para retomar o posto.

O presidente deposto não quis revelar que outras ações planeja tomar. "Não vou mais revelar minhas estratégias para a imprensa", alertou, explicando que isso permite ao governo interino preparar estratégias para impedir seu retorno.

Ele fez as declarações na República Dominicana e deve viajar para a Guatemala no sábado, antes de retornar a Washington.

O governo do presidente interino informou nesta sexta-feira que mantém sua disposição ao diálogo e que determinou a seus delegados que permaneçam em San José.

"Ordenei aos representantes do presidente Micheletti sua permanência e sua participação ativa em todas as discussões na cidade de San José, até seu desenlace final", assinalou o ministro da presidência, Rafael Pineda, em mensagem à Nação.

As negociações foram suspensas hoje em San José, após dois dias de deliberações sem resultado, mas as duas partes voltarão a se reunir em breve, informou o presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

"A comissão permanecerá na Costa Rica o tempo que for necessário para a conclusão de sua missão", destacou Pineda.

Conversa morta


Enquanto a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o presidente norte-americano, Barack Obama, apoiam a mediação de Arias, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, declarou as conversações da Costa Rica "mortas antes de começarem". Ele pediu um embargo comercial total a Honduras.

Chávez, disse que Zelaya iria retornar para o país "por quaisquer meios". "Zelaya vai entrar, está resolvido a entrar, não sei por onde, se por água, por ar, mas Zelaya vai entrar em Honduras", declarou o venezuelano, em Caracas.

Chávez foi quem emprestou o avião Falcón que zelaya utilizou em sua tentativa de retornar ao país nesta semana, medida que foi impedida pelo governo interino ao lotar a pista de militares. Ao menos uma pessoa foi morta quando as tropas entraram em confronto com manifestantes pró-Zelaya.

Chávez também criticou o governo Obama por ter produzido as conversações mediadas pelo presidente da Costa Rica, dizendo que não pode haver negociações com "um usurpador" em Honduras.

Os comentários de Chávez pareciam prestes a reacender os temores de que ele e outros países aliados esquerdistas de Zelaya, como Cuba e Nicarágua, possam procurar ajudar o presidente deposto a retomar o cargo pela força ou por uma insurreição popular.

Perigo

O ex-ditador cubano Fidel Castro escreveu em um artigo que será publicado neste sábado dizendo que se Zelaya não for restituído à Presidência de Honduras isso será uma ameaça a muito governos da América Latina, além de negativo para a imagem de Obama e dos EUA.

"Se o presidente Manuel Zelaya não for reintegrado a seu cargo, uma onda de golpes de Estado ameaça varrer muitos governos latino-americanos, deixando-os à mercê dos militares da extrema-direita", disse Castro em um artigo publicado no site Cubadebate.

Este problema também pode ser "muito negativo para um presidente que, como Barack Obama, deseja melhorar a imagem" dos Estados Unidos, acrescentou.

Castro advertiu que se Zelaya admitir manobras ditatoriais nas negociações que têm ocorrido na Costa Rica, estas "desgastarão as consideráveis forças sociais que o apoiam e só conduzirão a um irreparável desgaste".

O ex-presidente cubano aconselhou a Zelaya que tente voltar a Honduras pois "sabe que está em jogo não só a Constituição de Honduras, mas também o direito dos povos da América Latina de eleger seus governantes".

Golpe

Zelaya foi derrubado do poder no último dia 28 em um golpe orquestrado pela Justiça e pelo Congresso e executado por militares, que o expulsaram para a Costa Rica. O golpe foi realizado horas antes do início de uma consulta popular sobre uma reforma na Constituição que tinha sido declarada ilegal pelo Parlamento e pela Corte Suprema.

"Fui retirado da minha casa de forma brutal, sequestrado por soldados encapuzados que me apontavam rifles", contou o presidente deposto, após chegar ao exílio na Nicarágua.

"Diziam: 'se não soltar o celular, atiramos'. Todos apontando para minha cara e o meu peito. [...] Em forma muito audaz eu lhes disse: 'se vocês vêm com ordem de disparar, disparem, não tenho problema de receber, dos soldados da minha pátria, uma ofensa a mais ao povo, porque o que estão fazendo é ofender o povo'."

De acordo com os parlamentares hondurenhos, a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei" e por "seu desrespeito às ordens e decisões das instituições". Segundo os seus críticos, com a consulta, Zelaya pretendia instaurar a reeleição presidencial no país. As próximas eleições gerais serão em 29 de novembro.

Depois da saída de Zelaya do país, no Congresso de Honduras, um funcionário leu uma carta com a suposta renúncia, o que ele nega. Zelaya diz ter sido alvo de "complô da elite voraz"; e seu sucessor, Micheletti, diz que o golpe foi um "processo absolutamente legal".
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