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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

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China eleva o tom e critica uigures por 184 mortes em confrontos de Urumqi

O governo chinês endureceu o tom neste sábado e usou a imprensa oficial para acusar a minoria étnica uigur e a líder dos uigures no exílio, Rebiya Kadeer, pelos confrontos e distúrbios que deixaram ao menos 184 mortos na cidade de Urumqi, na Província de Xinjiang (noroeste). Segundo dados oficiais, a maioria das vítimas são da etnia majoritária han, com quem os uigures vivem décadas de tensão e acusações de discriminação.


Em um artigo da agência oficial Xinhua, o governo afirma afirmou que Kadeer, 62, presidente do Congresso Mundial Uigur, "tem um estreito contato com organizações terroristas" e telefonou nos dias anteriores aos distúrbios para o irmão em Xinjiang, advertindo de que "aconteceria algo grande".

Ao mesmo tempo, em suas provas para mostrar a repressão policial de 5 de julho e em dias posteriores, a líder uigur caiu em erros e contradições, afirmou a Xinhua.

A agência cita como exemplo o momento no qual ela mostrou à rede de televisão Al Jazira uma foto com centenas de policiais tomando supostamente as ruas de Urumqi. A agência alega que essa foto circula desde antes de 5 de julho em sites chineses, e embora mostre uma grande mobilização policial, foi tirada em outra cidade chinesa (Shishou), onde há poucos dias houve também graves distúrbios sociais.

O Congresso Mundial Uigur e outras associações uigures no exílio, concentradas em países como EUA, Alemanha, Suécia e Turquia, afirmam que os distúrbios são consequência de décadas de discriminação a seu povo. Eles afirmam que o número de vítimas chega a 800 e não 184 como afirma o governo.

Kadeer afirma que sua organização é de caráter moderado e propõe, principalmente, melhorias sociais para os uigures.

Caça às bruxas

A líder tem o apoio de organizações pró-direitos humanos como a Human Rights Watch (HRW), que nas últimas horas lançou um comunicado alertando contra uma possível "caça às bruxas" contra os uigures na China.

Fatos como a mobilização de 20 mil efetivos paramilitares em Urumqi "indicam que será lançada uma extensa e politizada campanha contra as comunidades uigures na região, em vez de realizar uma investigação imparcial e objetiva", afirmou a HRW, em Nova York.

O conflito ameaça se ramificar em atritos diplomáticos entre a China e a Turquia, país com fortes laços culturais, religiosos e linguísticos com os uigures e com outros povos turcomanos de Xinjiang e do resto da Ásia Central.

O tom de condenação das autoridades turcas aos incidentes em Urumqi vai aumentando. O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que os ataques sofridos pela minoria étnica uigur se assemelham a "um genocídio".

Um dia antes, o ministro da Indústria turco, Nihat Ergün, fez uma chamada ao boicote a produtos chineses -- um ataque que a diplomacia chinesa, consultada pela agência Efe, não quis responder, por enquanto.

Além disso, Erdogan prometeu que será concedido um visto a Kadeer para que vá a Istambul e se reúna com as várias organizações uigures existentes no país, apoiadas por movimentos islâmicos e nacionalistas turcos que propunham uma "Grande Turquia".

Vítimas

Segundo os dados oficiais, citados pela agência Xinhua, as vítimas dos confrontos incluem 137 membros da maioria étnica han e 46 uigures. Uma última vítima era da etnia hui. O balanço anterior indicava apenas que 156 pessoas haviam morrido.

"Entre os mortos, 137 são hans --111 homens e 26 mulheres. Quarenta e seis são uigures, 45 deles homens e uma mulher", disse a agência.

As autoridades chinesas não detalharam, contudo, quantas pessoas morreram em 5 de julho --quando começaram os choques entre forças de segurança e manifestantes uigures, assim como ataques de membros desta etnia contra chineses han-- ou em dias posteriores, nos quais houve linchamentos de han a uigures, como vingança pela violência.

O novo número de mortos foi oferecido pouco depois de se anunciar a reinstalação do toque de recolher noturno para prevenir novos incidentes.

Neste sábado, o governo usa a mesma tática de lotar as ruas da cidade com militares para tentar trazer de volta a normalidade à rotina. O clima, contudo, é de tensa calma e milhares fogem da cidade para evitar os confrontos.

Histórico


Os confrontos do último dia 5 começaram com a repressão das forças de segurança aos protestos de uigures. O grupo de uigures, minoria muçulmana na China, protestava contra o governo chinês por ter ocultado o linchamento de uigures em 26 de junho em uma fábrica de brinquedos da Província de Cantão (sul), incidente no qual morreram duas pessoas e que foi o estopim para a escalada de violência.

Após o domingo de violência, os chineses da maioria han, que vivem décadas de confrontos com os uigures, foram às ruas protestar contra o episódio de violência e os danos causados a lojas, carros e estabelecimentos comerciais em meio aos distúrbios.

As minorias há muito se queixam que membros da etnia han colhem a maioria dos benefícios dos investimentos e dos subsídios oficiais, enquanto fazem com que os moradores locais sintam-se como estrangeiros.

Os uigures, uma etnia de origem turca, predominantemente muçulmana, eram mais de 80% dos moradores de Xinjiang ( que hoje tem 20 milhões de habitantes), mas nas últimas décadas o governo chinês empreendeu uma política de imigrações de chineses han para a região.
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