De que maneira a visão da matemática como algo complexo e inacessível pode ser transformada em consciência de que os números estão presentes em todos os afazeres do dia-a-dia, tornando a aprendizagem dessa ciência prazerosa, criativa e significativa?
Professores da capital, que ministram a disciplina, participaram no ano passado do curso de formação, promovido pela Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá (SME), denominado “Professor de Matemática, qual é o problema?”.
A capacitação teve como objetivo a atualização e reflexão sobre o uso de metodologias inovadoras no ensino de matemática, a troca de experiências entres os profissionais dessa área de conhecimento e, fundamentalmente, o favorecimento na aprendizagem dos alunos.
O curso foi ministrado pelo professor da UFMT, Sérgio Antônio Wielewski, doutor pela PUC de São Paulo em Educação matemática. Segundo o educador, o fato de a disciplina não ter um objeto palpável no mundo real, muitas vezes, faz com que os alunos relutem em aprendê-la. “Por isso é importante que o professor promova situações que estabeleçam relações e ideias com a vida do indivíduo”.
Isso significa, segundo ele, oferecer o ensino de matemática de forma atrativa e em circunstâncias concretas úteis. “Outra coisa importante é trabalhar a disciplina na perspectiva de integração com as demais áreas do conhecimento. Vivemos em um mundo de múltiplas competências e o aluno tem que construir seu conhecimento dessa maneira.”
Há 12 anos ministrando a disciplina, a professora da escola municipal Ulisses Guimarães, no bairro Ouro Fino, Rosilda da Silva Fonseca, enfatiza a sintonia entre teoria e prática, trabalhadas na formação. Ela explica que, como forma de efetivar o aprendizado oferecido no curso, ela montou em sala de aula um supermercado fictício, utilizando material reciclado, onde os estudantes podiam realizar as transações de compra de venda de produtos. “Com esse trabalho, percebi que os alunos passaram a compreender que a matemática está em tudo que gente faz”, analisa.
A educadora também avalia que a formação contempla um desejo sempre manifestado pelos professores de matemática, que é tornar palpável o conteúdo da disciplina, quase sempre entendida como ‘difícil’. “Esse curso nos possibilitou reaprender a ensinar matemática e observamos os resultados positivos em sala”, comemora.
Essas conquistas na qualidade de ensino do município é, de acordo com a diretora de Políticas Educacionais da SME, Julieta Domingues Ribeiro, fruto de um projeto educativo implementado em 2007, na capital, denominado Qualidade na Diversidade.
Ela explica que o curso de matemática nasceu de um diagnóstico feito no sistema municipal de ensino, que levantou os pontos mais preocupantes na educação pública de Cuiabá. “Por meio desse levantamento, verificamos que havia um número expressivo de alunos retidos no terceiro ciclo do Ensino Fundamental na disciplina de matemática. A partir daí, desenvolvemos um projeto de formação para essa área do conhecimento”.
Para a educadora, os cursos de formação devem ser espaços para os professores externarem suas dificuldades de formação e que, ao mesmo tempo, respondam às necessidades desses profissionais. “Precisamos de uma formação que subsidie a prática do professor, que lhe possibilite ressignificar conteúdos e metodologias que atendam também às necessidades dos alunos. Esse é o modelo de formação queremos alcançar”.
Dividida em sete etapas, a qualificação, que terá continuidade em 2009, é voltada professores que trabalham com a no Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, e Educação de Jovens e Adultos (EJA), com carga horária de 92 horas.
Os participantes do curso elaboraram artigos sobre as metodologias aplicadas a partir das propostas da qualificação oferecida pela SME, que estão sendo socializadas pelo grupo via internet. As produções também serão publicadas e disponibilizadas ao público interessado.
